Supremo Tribunal saudita confirma pena de mil chicotadas a blogger

Raif Badawi sobreviveu “miraculosamente” à primeira sessão de 50 chibatadas. O seu crime foi ter escrito um blogue.

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Ensaf Haidar, mulher de Badawi, participa numa manifestação a favor do marido em Otava Chris Wattie/Reuters

O Supremo Tribunal saudita confirmou a pena de Raif Badawi, 31 anos, condenado por insulto ao islão num blogue e fórum de discussão: dez anos de prisão, mil chibatadas e uma multa de um milhão de riais (quase 240 mil euros), segundo o jornal saudita Okaz. Não é claro como será aplicado o castigo físico, mas na decisão anterior de um tribunal inferior, estas seriam distribuídas por sessões de 50 a cada sexta-feira.

Badawi está preso desde 2012 e recebeu as primeiras 50 chicotadas em Janeiro, numa punição que causou enorme condenação internacional. A sua mulher avisou que, de saúde frágil, não aguentaria uma segunda sessão do castigo. As autoridades sauditas acabaram por adiá-la.

O próprio Badawi escreveu um livro em que conta como sobreviveu “miraculosamente” ao castigo, quando foi levado, algemado mas de cara descoberta, para uma praça pública onde foi sujeito a 50 chicotadas dadas por um polícia. Havia uma multidão a ver. Gritavam com júbilo e sem parar “Allahu Akbar”, relatou Badawi, num livro que publicou na Alemanha em Abril chamado 1000 chibatadas: porque digo o que penso. As autoridades alemãs desaconselharam a publicação por medo que esta prejudicasse as tentativas internacionais para clemência das autoridades sauditas. Mas Badawi e a mulher, Ensaf Haidar, decidiram ainda assim avançar.

Os Estados Unidos, aliados do reino, expressaram “grande preocupação” e pediram que a pena fosse revista. Várias organizações de defesa de direitos humanos têm também feito campanhas por Badawi. Na altura, a Arábia Saudita reagiu com “surpresa e consternação” pelas críticas internacionais, rejeitando interferência nas suas questões internas. Contudo, o rei enviou para o Supremo Tribunal o caso, o que parecia indicar que as autoridades sauditas estavam dispostas a rever a pena.

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