Sucessor de Miliband à frente do Labour será conhecido a 12 de Setembro

Está aberta a campanha para a escolha do novo líder do Partido Trabalhista britânico. Já há quatro candidatos, sendo que três deles são discípulos de Tony Blair.

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Há cada vez mais candidatos ao lugar que Ed Miliband deixou vazio Phil Noble/Reuters

Já são quatro os candidatos à liderança do Partido Trabalhista britânico, vaga desde a demissão de Ed Miliband, na sequência da derrota do partido nas legislativas de 7 de Maio. Os que já avançaram têm visões muito distintas sobre o que a formação deve ser, havendo candidatos que aspiram ao regresso do New Labour de Tony Blair e outros que defendem uma viragem menos pronunciada ao centro.

Os quatro trabalhistas que já anunciaram pretender disputar a liderança são Yvette Cooper (que era a ministra sombra do Interior de Miliband), Chuka Umunna, Liz Kendall e Andy Burnham. Os três últimos fazem parte da nova geração da ala mais à direita do partido, para quem a solução para reerguer o Labour está no comentário que Tony Blair fez à derrota nas legislativas: "O caminho para o topo faz-se pelo centro".

Para já, Yvette Cooper é a única da corrente Miliband. No artigo que publicou no Daily Mirror a anunciar a candidatura, escreveu que o partido perdeu as eleições porque não conseguiu dar "esperança" numa vida melhor aos eleitores. "Não se deve voltar às soluções do passado", disse sobre os apelos ao regresso ao New Labour. O partido, concluiu, tem que "caminhar para lá dos rótulos ‘esquerda-direita’, ser credível, criativo, ser o eco das ambições das pessoas e voltar a estar ligado às realidades da vida do dia a dia".

Andy Burnham, que era o ministro sombra da Saúde, disse que o Labour deve "ser a voz de todos e de todo o país", devendo afirmar-se como o partido "das aspirações" dos eleitores, como em 1997. Ou seja, na sua visão, o Labour deve deixar de dividir o eleitorado entre pobres e ricos — esta separação foi uma das bandeiras da campanha de Ed Miliband e muitos analistas disseram que foi um dos factores que lhe retiraram votos, com muitos cidadãos a não se reverem nesta divisão social. "O partido que eu amo perdeu a sua relação emocional com milhões de pessoas. A forma de recuperar essa ligação não é escolher entre um grupo de pessoas em detrimento de outro — não podemos falar só para os que têm contratos de zero horas [os precários] ou só para os que fazem compras em sítios elegantes", disse o candidato que já está em campanha.

O comentário às lojas elegantes era uma crítica a Tristram Hunt (que seria ministro da Educação se Miliband, e não o conservador David Cameron, tivesse ganho as legislativas) que ainda não anunciou formalmente a sua candidatura mas que se espera venha a fazê-lo. Hunt explicou a derrota do Labour com a alienação dos eleitores com mais posses, que fazem compras em certas lojas.

A data limite para os trabalhistas se candidatarem à liderança é 15 de Junho. Este ano, o partido reformou a sua lei eleitoral interna, simplificando-a e anulando o complicado sistema de votos que dava a certos sectores do partido (sindicatos, por exemplo; foi com os votos destes que Ed Miliband foi eleito, apesar de estar em segundo lugar depois de contados os votos dos militantes e dos deputados do partido) um maior número de votos. Agora, a relação é de um membro para um voto. A abertura do processo eleitoral já levou à inscrição de 30 mil novos membros, pelo que se espera uma grande participação na escolha do novo líder trabalhista, cujo nome será conhecido a 12 de Setembro.

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