Sondagens mostram que gregos estão muito indecisos

O "sim" surge com ligeira vantagem num estudo divulgado esta sexta-feira, mas noutra acontece o contrário. Dado relevante: a grande maioria prefere a permanência no euro ao regresso à moeda nacional.

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Um homem junto a um cartaz de apelo ao "sim" ARIS MESSINIS/AFP

Os eleitores gregos parecem claramente divididos, a dois dias do referendo de domingo. Uma sondagem divulgada esta sexta-feira pelo jornal Ethnos dá uma ligeira vantagem ao “sim” sobre o “não”. Mas estudos encomendados pela agência Bloomberg e por um jornal afecto ao Syriza apontam em sentido inverso.

Na sondagem divulgada pelo Ethnos, afecto ao centro-esquerda, o “sim” surge com uma ligeira vantagem: 44,8% contra 43,4%.  A percentagem de indecisos é quantificada em 11,8%. O trabalho de campo foi realizado pelo instituto Alco nos dias 30 de Junho e 1 de Julho, depois de os bancos terem sido encerrados e de ter começado o controlo de capitais.

Já o estudo feito pela Universidade da Macedónia para a Bloomberg dá intenções de voto de 43% ao “não” às medidas de austeridade propostas pelos credores e de 42,5% para o “sim” à aceitação dessas condições. Os que não sabem ou não respondem são 14,5%. A margem de erro é de 3%.

Uma sondagem divulgada mais tarde vai no mesmo sentido: feita pelo instituto Public Issue para o diário pró-governamental Avgi dá ao “não” uma  vantagem de 0,5% sobre o “sim”: 43% para o “não” contra 42,5% para o “sim”. Os que se declararam indecisos são 9%.

Dado relevante das sondagens do Ethnos e da Bloomberg é o elevado peso dos que, independentemente do seu sentido de voto, querem ficar no euro: 74% contra 15%  dizem preferir a moeda única ao regresso ao dracma, no estudo para o Ethnos; 81% contra 12% no estudo que foi encomendado pela Bloomberg.

“O referendo dividiu a sociedade grega em dois grupos com diferentes entendimentos da questão”, disse à agência Nikos Marantzidis, da Universidade da Macedónia. Há apoiantes do “não” que “verdadeiramente pensam que o futuro do país é fora da zona euro e mesmo da União Europeia, e os que consideram o referendo uma táctica negocial”.

No estudo feito para o jornal grego, 61% dos inquiridos, contra 30%, vêem na actual situação um perigo de saída do país da zona euro. Quando lhes foi perguntado se pensam que uma vitória do “não” mudaria a posição dos credores e levaria a um acordo, 51% disseram que não e 30% responderam que sim.

O próprio entendimento sobre o significado do referendo parece ser, segundo o mesmo estudo, uma linha de fractura: 43% pensam que dizer “sim” ou “não” é dizer “sim” ou “não” ao pacote concreto de medidas de austeridade apresentadas pelos credores, como diz o Governo; percentagem exactamente igual entende que estará a dizer “sim” ou “não” ao euro.

Um estudo publicado na quarta-feira pelo diário Efimerida ton Syntatkton, de esquerda, indicava que 54% dos gregos seriam favoráveis ao “não” defendido  pelo Governo e 33% estariam inclinados a dizer “sim” às condições propostas pelos credores. Mas nessa sondagem, realizada entre os dias 28 e 30 de Junho, percebiam-se diferenças entre inquiridos antes e depois da decisão, tomada no domingo, 28, de encerrar os bancos: era claro que a vantagem do "não" tinha diminuído no decorrer do estudo.

A enviada do PÚBLICO à Grécia notou que, em Atenas,  o “não” começou por ser “mais visível”, mas o “sim” “está a ganhar terreno nos media e nas redes sociais”.

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