Sondagem aponta Marina Silva como favorita à vitória na segunda volta das presidenciais no Brasil

Três principais candidatos trocaram ataques no primeiro debate televisivo. Ecologista está a apenas cinco pontos de Dilma Rousseff na primeira volta.

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Marina Silva dividiu os ataques contra Dilma Rousseff e Aécio Neves Paulo Whitaker/REuters

Marina Silva está imparável nas sondagens. Um estudo divulgado terça-feira, pouco antes do primeiro debate entre os candidatos às presidenciais de 5 de Outubro, coloca a ecologista em segundo lugar nas intenções de voto, a apenas cinco pontos da Presidente Dilma Rousseff a quem, adianta o mesmo estudo, venceria na cada vez mais inevitável segunda volta.

A antiga ministra do Ambiente é a candidata à presidência do Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde a morte de Eduardo Campos, num acidente de aviação no dia 13, e soma já mais 20 pontos percentuais nas intenções de voto do que o seu antecessor – 29% dos inquiridos na sondagem do Ibope para o jornal Estado de São Paulo e a TV Globo dizem que vão votar nela na primeira volta.

A subida faz-se à custa tanto de Rousseff como de Aécio Neves, que perdem ambos quatro pontos em relação à anterior sondagem. A Presidente e líder do Partido dos Trabalhadores (PT) cai para os 34%, o que confirma as previsões de que a entrada de Marina Silva na corrida tornaria mais difícil evitar uma segunda volta. Já o candidato do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) é remetido para um distante terceiro lugar, com 19% nas intenções de voto.

A ex-senadora tem a mais baixa taxa de rejeição (que mede os eleitores que recusariam votar num determinado candidato) e isso ajudará a explicar por que, no caso de passar à segunda volta, venceria Rousseff, com 45% dos inquiridos a dizer que votariam nela, face a 36% que se dizem certos de escolher a actual Presidente.

O PT desvalorizou a queda da Presidente nas intenções de voto, afirmando que é Aécio Neves quem deve preocupar-se com a subida da candidata do PSB. “Para nós está claro que esta eleição será em dois turnos, e que no segundo Dilma está garantida”, afirmou ao jornal O Globo Luiz Marinho, coordenador da campanha dos petistas em São Paulo, atribuindo a subida de Marina ao efeito de comoção provocada pela morte de Eduardo Campos. O mesmo jornal adianta que a apreensão é mais evidente na campanha do PSDB, com vários colaboradores do antigo governador de Minas Gerais a admitir que ele tem duas semanas para inverter o declínio nas sondagens.

Sinal das diferentes disposições, o debate de terça-feira à noite na TV Bandeirantes mostrou uma Marina Silva mais combativa, atacando tanto Dilma Rousseff como Aécio Neves, escreve o Folha de São Paulo. O jornal adianta que a Presidente poupou nas críticas à adversária, preferindo concentrar-se no candidato “tucano”, mas a ecologista foi dura nos ataques, acusando Dilma Rousseff de não ter cumprido as promessas feitas no rescaldo das manifestações de Junho de 2013.

Já o candidato do PSDB dividiu-se em duas frentes: questionou a coerência política de Marina Silva e tentou colá-la às políticas do PT, ao mesmo tempo que criticou a gestão económica da Presidente e trouxe ao debate a compra por valores inflacionados de uma refinaria americana em 2006, quando Dilma Rousseff tinha responsabilidades directas sobre a Petrobrás.

Apesar da intensidade do debate, em que a Presidente defendeu sem reservas os feitos dos 11 anos de governo do PT, a imprensa brasileira coincide na análise de que não houve um vencedor claro, já que nenhum dos três principais candidatos conseguiu desferir um golpe decisivo sobre os adversários.

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