Sismos na zona espanhola de Castellón podem ter sido provocados por injecção de gás

Na última noite foram sentidos mais de 20 abalos nesta zona valenciana. Actividade de armazém com 1750 metros de profundidade foi suspensa até haver conclusões.

Os sismos que estão a ser registados em Castellón, Espanha, poderão estar a ser provocados por injecções de gás que estavam a ser realizadas em armazéns subterrâneos daquela região da comunidade autónoma de Valência, admitiu o ministro espanhol da Indústria, Energia e Turismo, José Manuel Soria.

Citado pelo diário espanhol El País, o governante falou numa “correlação, relação directa” entre os trabalhos que decorriam nos armazéns e os abalos registados nos últimos dias na zona. Os armazéns ficam no mar, a 22 quilómetros da costa de Vinarós (Castellón). Só na última noite foram mais de 20 sismos, o maior dos quais de magnitude 4,1 na escala de Richter.

Porém, o ministro salientou que faltam investigações adicionais para haver certezas sobre os indícios iniciais, sendo que perante as suspeitas as actividades no depósito de gás estão paradas desde o mês passado.

Os técnicos do Instituto Geográfico e do Instituto Geológico Mineiro de Espanha estão já a investigar as causas dos abalos. O primeiro sismo aconteceu a 26 de Setembro, atingindo uma magnitude de 3,6. Logo de seguida foi ordenado o encerramento do armazém subterrâneo, por uma questão de precaução, até que tudo seja esclarecido.

Ao todo, o espaço tem capacidade para 1300 metros cúbicos de gás e estavam na altura a enchê-lo para alguns testes. O projecto do grupo Castor, que teve um investimento de 1200 milhões de euros, aproveitou um antigo poço petrolífero com 1750 metros de profundidade abaixo do nível do mar para injectar um terço da quantidade de gás necessária para o sistema durante 50 dias – o que poderá ter originado os abalos. Alguns especialistas referem aquilo a que se chama “sismicidade induzida”.

Apesar de na última noite se terem registado 23 abalos, o mais forte de todos foi registado na madrugada de quarta-feira, com uma magnitude de 4,2 na escala de Richter, indicou o Instituto Geográfico Nacional espanhol também ao El País. Nesse dia as autoridades da comunidade autónoma valenciana decidiram activar o plano de risco sísmico.

Recentemente, no final de Julho, mas na Suíça, foi registado também um sismo de magnitude 3,6 causado por perfurações de grande profundidade feitas no âmbito de um projecto geotérmico. Na altura, o engenheiro responsável pelo projecto adiantou que o abalo pode ter tido origem nas injecções de água feitas para bloquear a saída de gases que surgiram de forma imprevista.

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