Mantém-se impasse no acesso aos destroços do MH17

Rebeldes e observadores internacionais ainda não chegaram a acordo para dar início às investigações no local. Afinal eram seis, e não cem, os especialistas em sida a bordo do avião.

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Zona de segurança irá permitir identificação das vítimas Dominique Faget / AFP

Os separatistas pró-russos continuam a impedir o acesso da equipa de observadores internacionais ao local onde se encontram os destroços do voo MH17, dificultando o início das investigações.

Inicialmente foi noticiada a criação de um perímetro de segurança de 20 quilómetros para a identificação das vítimas, de acordo com o chefe dos serviços de segurança ucranianos, Valentin Nalivaichenko. Porém, mais tarde, esta informação foi desmentida por um oficial da auto-proclamada República Popular de Donetsk.

"Não existe zona de segurança. Trata-se de uma região próxima da frente, há actividade militar lá", disse à Reuters Sergei Kavtaradze.

As negociações entre os grupos rebeldes pró-russos que controlam várias regiões no Leste do país e os membros de um “grupo de contacto” – composto por representantes da Ucrânia, da Rússia e da Organização para a Segurança e Cooperação para a Europa (OSCE) – devem continuar ao longo do dia, mas teme-se que à medida que o tempo passe se torne cada vez mais difícil proceder às peritagens no terreno.

Alguns correspondentes no local explicam, por exemplo, que o calor que se faz sentir pode acelerar a decomposição dos cadáveres, complicando a identificação.

O primeiro grupo de inspectores da OSCE chegou na sexta-feira ao local onde na véspera se despenhou o avião, causando a morte às 298 pessoas que seguiam a bordo. No entanto, a comitiva viu-se impedida pelos separatistas de aceder livremente aos sítios por onde se espalharam os destroços.

O estabelecimento de uma zona de segurança poderá permitir que os inspectores iniciem a investigação para apurar as causas do desastre.

Para além do grupo da OSCE, os serviços de segurança holandeses também enviaram uma equipa liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Frans Timmermans – este foi o país de onde partiu o avião e que teve o maior número de vítimas. O mesmo fez o governo da Malásia, cuja equipa de 62 pessoas é esperada durante este sábado.

Para já são seis e não cem especialistas em sida
A bordo do MH17 estavam seis dos mais importantes especialistas na luta contra a sida, que estavam a caminho de uma conferência internacional em Melbourne. Numa fase inicial, chegou a avançar-se que eram cerca de cem os investigadores presentes no voo, mas esse número foi agora desmentido.

“O número que nos foi confirmado através de contactos com as autoridades australianas, malaias e holandesas é de seis pessoas. Poderá ser um pouco superior, mas não tão elevado como os números que foram anunciados”, afirmou a presidente da Sociedade Mundial da Sida, Françoise Barré-Sinoussi, citada pela AFP.

Entretanto, continuam os combates no Leste da Ucrânia entre o exército e os comandos rebeldes. O Ministério da Defesa anunciou este sábado que as forças governamentais retomaram o controlo da zona sudeste da cidade de Lugansk, dominada pelos separatistas.

A par de Donetsk, esta cidade de 500 mil habitantes é um dos bastiões rebeldes no Leste do país.

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