“Se não pode alimentar 100, alimente só um”

O impacte da vida e dos feitos da Madre Teresa de Calcutá não deixam ninguém indiferente.

Hoje, dia 4 de Setembro, o Papa Francisco canoniza Madre Teresa de Calcutá, em Roma. Falecida em 5 de Setembro de 1997, deixou uma marca indelével na Índia e em todo o mundo. Pouco compreendida nos começos da sua actividade caritativa, a sua determinação fez saltar todas as barreiras, acabando por ser a pessoa mais amada e admirada entre os pobres e abandonados, mas também entre os ricos.

À boa maneira indiana, a canonização foi precedida de um festival de cinema, Mother Teresa International Film Festival, que teve lugar em Calcutá, de 26 a 29 de Agosto, sobre a vida e feitos de Madre Teresa. Apresentaram-se 23 longas-metragens procedentes dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Espanha, Itália, Canadá, Japão e Índia. A já proverbial produção cinematográfica indiana trouxe 7 filmes e o festival abriu-se com o documentário americano Mother Teresa. Está previsto que o festival viaje pela Índia toda e por outros países.

O impacte da vida e dos feitos da Madre Teresa não deixam ninguém indiferente. O esforço por ajudar a dar uma morte digna aos abandonados e sem meios, tem profundas ressonâncias em qualquer pessoa de bem.

Com frequência vem à mente a pergunta: porque são tão pobres alguns dos países da África, Ásia, América Latina, enquanto outros são demasiado ricos? O que ou quem os fez pobres? Mas Madre Teresa não perdeu tempo com tais perguntas; constatou a miséria e pôs mãos à obra, fazendo o pouco que no início estava ao seu alcance. Hoje é uma presença luminosa da sua Fé e do seu amor pelos mais humildes e sofredores.

Ensinou com o seu sorriso e palavra algo que sempre viveu: amar os outros, qualquer que seja a sua condição: “Encaremos os outros com sorriso, porque o sorriso é o começo do amor”; “nunca saberemos todo o bem que um simples sorriso pode fazer”; “espalhe amor. Não deixe ninguém vir a si sem o tornar mais feliz”, disse ela.

Deixou claro que não era uma trabalhadora social, nem médica, nem enfermeira, mas que estava consagrada a Deus, e, por isso, procurando resolver muitas das carências da sociedade. Afirmou: “as palavras que não dão a luz de Cristo aumentam a escuridão”. 

Sempre se opôs ao aborto e repetiu esta ideia: “Tudo quanto destrói a dádiva Divina da maternidade, destrói a Sua mais preciosa dádiva à mulher: a sua capacidade de amar como mãe".

Integraram as celebrações uma Missa de Acção de Graças, no dia 2 de Outubro (aniversário de Mahatma Gandhi), no Estádio Netaji, em Calcutá. E o governo de West Bengal (capital em Calcutá) organiza hoje uma homenagem. Será inaugurada uma estátua de bronze em tamanho natural, na Residência Episcopal de Calcutá.

Nascida na Albânia, em 26 de Agosto de 1910, entrou para a congregação das Irmãs do Loreto aos 17 anos; seguiu depois para a Índia, Calcutá, e quando recuperava de uma doença, recebeu o que ela chamou ‘um mandato’ de Deus para deixar o Convento e viver entre os pobres. Começou, assim, a ensinar crianças pobres e a tratar de doentes nas suas casas. Logo depois, algumas das suas antigas alunas juntaram-se-lhe e em conjunto recolheram homens, mulheres e crianças abandonados que morriam nas valetas de Calcutá. Teria tido naturalmente a dúvida de se valia a pena fazer algo perante um problema tão devastador que tinha pela frente. Deve tê-la norteado o que veio a ser uma máxima sua: “Se não pode alimentar 100, alimente só um”. E depois aparecem meios para ampliar o alcance, até chegar a muito longe.

Em 1950 fundou as Missionárias da Caridade, como uma Congregação diocesana. Hoje estão presentes em quase todo o mundo livre. Madre Teresa faleceu em 1997, com 87 anos. Foi beatificada pelo papa João Paulo II, em 19 de Outubro de 2003.

Professor da AESE-Business School e Dirigente da AAPI-Associação de Amizade Portugal-Índia

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