São Paulo e Rio de Janeiro recuam no aumento dos preços dos transportes

Manifestações em São Paulo, Fortaleza e NIterói. Tropas federais chamadas para cinco cidades da Taça das Confederações. Popularidade de Dilma cai oito pontos percentuais.

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As autoridades de São Paulo e do Rio de Janeiro voltaram atrás nos aumentos dos preços de transportes, motivo que esteve na origem na onda de protestos que tem varrido o Brasil nos últimos dias. Algo que, no entanto, não impediu mais uma noite agitada, especialmente em Niterói, onde se verificaram novos confrontos com a polícia.

Em São Paulo, o bilhete de autocarro, metro e comboio volta para três reais (cerca de um euro) e no Rio a tarifa de autocarro desce de 2,95 para 2,75, ficando assim sem efeito o aumento de 20 centavos (sete cêntimos de euro).

Este anúncio surge no dia em que milhares de brasileiros voltaram a sair às ruas. Manifestantes bloquearam ruas em São Paulo, onde mais de 63 pessoas foram presas pela polícia, noticia a Reuters – houve montras partidas, uma esquadra de polícia incendiada e uma tentativa de invasão da prefeitura (câmara municipal).

Em Niterói, também houve manifestação e ponte para o Rio de Janeiro chegou a estar parcialmente encerrada. A TV Globo noticiou confrontos entre manifestantes e polícias.

Milhares de pessoas marcharam também em Fortaleza, em direcção ao estádio onde se realizou o jogo entre as selecções de futebol do Brasil e do México.

A Polícia Militar tentou impedir que uma marcha de cinco mil pessoas chegasse ao local onde se realizou o jogo de futebol entre o Brasil e o México (1-0 para os brasileiros) e verificaram-se violentos confrontos.

Os manifestantes expressaram-se contra o esbanjamento de dinheiro com acontecimentos desportivos como o que decorre - a Taça das Confederações -, bem como o Mundial de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Para quinta-feira são esperadas mais manifestações, incluindo em 70 cidades mais pequenas e uma no Rio de Janeiro, que pretende levar para o centro da cidade um milhão de pessoas.

E à primeira vista o recuo no aumento dos preços dos transportes não será suficiente para travar os protestos. É que o descontentamento já ultrapassou a questão dos transportes e agregou outros protestos: contra a corrupção, contra o mau uso de dinheiro públicos e contra os gastos em grandes competições desportivas, como o Mundial 2014 (para o qual a Taça das Confederações serve de teste) e os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Muitos brasileiros levaram cartazes para o estádio de Fortaleza, exigindo hospitais e escolas com a mesma qualidade dos estádios que foram ou estão a ser construídos para o Mundial de futebol, que será organizado em 12 estádios. 

O Governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira que o custo das obras para o Mundial 2014 deverá chegar aos 28 mil milhões de reais (9700 milhões de euros), mais 5,6% do que a última previsão.

Os protestos começaram a 6 de Junho, por causa dos aumentos dos preços dos transportes públicos, mas foram-se alargando, especialmente depois da violência policial, a 13 de Junho, na repressão de uma manifestação em São Paulo. O início da Taça das Confederações, no sábado, ofereceu um palco perfeito para os manifestantes, que são maioritariamente jovens, sem partido e organizados via redes sociais.

Popularidade de Dilma a cair
Dilma Rousseff, que já disse estar disponível para ouvir a voz dos protestos, mobilizou tropas federais, para ajudar a manter a ordem em cinco das cidades onde decorre a Taça das Confederações.

Vaiada no sábado, na cerimónia de inauguração da competição, a Presidente do Brasil está a cair nos índices de popularidade.

Uma sondagem do Ibope, divulgada nesta quarta-feira, regista uma queda de oito pontos percentuais na aprovação do Governo de Dilma Rouseff: passou de 63% em Março para 55%. A aprovação pessoal da Presidente caiu de 79% para 71%.

O Ibope ouviu 2002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios entre os dias 8 e 11 de Junho  (os protestos começaram a 6 de Junho). A sondagem foi encomendada pela Confederação Nacional da Industria (CNI). A margem de erro é de dois por cento.

Segundo o Ibope, o índice de quem desaprova a Presidente passou de 17%, em Março, para 25%, em Junho.

De acordo com a sondagem, o índice de confiança na Presidente brasileira recuou oito pontos percentuais, de 75% para 67%.

A queda de aprovação foi registada entre pessoas com rendimentos sociais de todos os tipos mas principalmente entre os que ganham mais. Entre os entrevistados com rendimentos até um salário mínimo, houve uma queda de cinco pontos percentuais na proporção de “óptimo” ou “bom”. Entre aqueles que possuem proveitos de 2 a 5 salários mínimos e de 5 a 10 salários mínimos a queda foi de dez pontos percentuais. No caso dos entrevistados com mais de dez salários mínimos, a aprovação do Governo caiu 21 pontos percentuais. 

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