Rússia prepara novas restrições à importação de alimentos da UE e dos EUA

Compra de frutos gregos e aves norte-americanas deve ser suspensa na próxima semana. Sanções económicas europeias entram em vigor esta sexta-feira.

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Vladimir Putin continua a responder às sanções da UE e dos EUA Reuters

A Rússia deve aumentar nos próximos dias as restrições à importação de produtos alimentares europeus e norte-americanos, aparentemente em resposta às sanções económicas contra si aprovadas esta semana.

A agência noticiosa RIA noticiou esta quinta-feira, citando o serviço de vigilância fitossanitária e veterinária russo, que na próxima semana poderá ser proibida a importação de frutos da Grécia. A Interfax informou que está também a ser ponderada a suspensão da compra de aves aos Estados Unidos. Na quarta-feira, as autoridades de Moscovo proibiram a importação de frutos e vegetais da Polónia, alegando problemas de certificação sanitária.

Não foram invocadas como justificação para estas decisões as sanções económicas impostas esta semana pelos EUA e pela União Europeia (EU) à Rússia, mas, no passado recente, as autoridades de Moscovo tomaram decisões semelhantes em momentos de confrontação. Foi o que aconteceu quando a Ucrânia e a Moldávia assinaram acordos comerciais com a UE.

Segundo dados divulgados pelas agências noticiosas russas, a Grécia vendeu em 2013 mais de 450 milhões de euros de frutos à Rússia. E os Estados Unidos exportaram entre Janeiro e Abril deste ano aves no valor de mais de 53 milhões de euros.

Noutro episódio da guerra económica que se está a desenhar, Moscovo anunciou também a suspensão da compra à Ucrânia de soja e dos seus derivados – a partir desta sexta-feira – e de sumos – desde a passada terça.

As sanções económicas da UE contra a Rússia, anunciadas na terça-feira, em concertação com os Estados Unidos, foram publicadas esta quinta-feira no jornal oficial da União Europeia e produzem efeitos a partir desta sexta, 1 de Agosto. Serão analisadas de três em três meses e poderão ser levantadas ou agravadas a qualquer momento, informaram responsáveis da união.

Até agora os países ocidentais tinham apenas recorrido ao congelamento de bens de pessoas ou entidades e à proibição de viajar no espaço da UE. A lista de visados por essas medidas, que conta com largas dezenas de nomes voltou a ser aumentada na quarta-feira com oito pessoas e três entidades.

As pesadas sanções contra a economia russa que agora entram em vigor limitam o acesso dos bancos estatais russos aos mercados de capitais europeus, suspendem os negócios de compra e venda de armamento e a transferência de tecnologia de exploração petrolífera.

No que diz respeito às instituições financeiras, cidadãos e empresas da UE não podem comprar nem vender obrigações, acções nem outros instrumentos financeiros de bancos estatais russos, ou com maioria de capital público. As instituições abrangidas são o Sberbank, o VTB Bank, o Gazprombank, o Vnesheconombank e o Rosselhozbank.

As subsidiárias que os bancos visados pelas sanções tenham na UE são excluídas das medidas, embora fiquem proibidas de angariar fundos para as casas-mãe.

Como previsto, a suspensão de negócios de armamento limita-se a futuros contratos – uma forma encontrada pela UE para permitir à França satisfazer entregas já acordadas de equipamento militar. A venda de tecnologias de exploração energética fica dependente de autorização dos estados-membros. No caso da energia, confirma-se que as restrições incidem apenas sobre a indústria petrolífera, não no gás, de que a UE depende em grande medida da Rússia – a qual se financia em muito com as vendas de energia à Europa.

Na quarta-feira, numa das primeiras reacções às medidas “anti-russas”, o Governo de Moscovo disse que elas teriam “inevitavelmente” como consequência a subida dos preços da energia na Europa.

Entre os visados pelas últimas sanções pessoais da UE estão próximos do Presidente russo, Vladimir Putin. É o caso Arkady Romanovitch Rotenberg, cujas empresas ganharam importantes contratos dos Jogos Olímpicos de Sotchi, e que tem interesses na empresa Giprotransmost, envolvida  no projecto de construção de uma ponte entre a Rússia.  A lista integra também responsáveis do Rossiya, apresentado como o banco dos altos responsáveis da Federação Russa e que é também visado pelas sanções norte-americanas.

O diário britânico The Independent noticiou entretanto que a chanceler alemã, Angela Merkel, e Vladimir Putin  discutiram secretamente um acordo para acabar com a crise no Leste da Ucrânia. A negociação teria sido interrompida após a queda do avião de passageiros da Malaysia Airlines – alegadamente derrubado por separatistas pró-russos – em que morreram 298 pessoas.

Um eventual entendimento passaria pelo reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia, anexada em Março por Moscovo, a troco da estabilização do Leste ucraniano e de um acordo de longo prazo para fornecimento de gás russo à Ucrânia. O Presidente deste país, Petro Poroshenko, comprometer-se-ia a não pedir a adesão do país à NATO.

O porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, reagiu à notícia dizendo que “não tem fundamento”.

 

 

 

 

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