Rússia e Ucrânia aproximam posições sobre gás mas ainda não há acordo

Cessar-fogo no Leste ucraniano vai ser vigiado por drones na zona fronteiriça.

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Putin e Poroshenko cumprimentam-se, com Barroso por perto DANIEL DAL ZENNARO/AFP

A Rússia e a Ucrânia conseguiram nesta sexta-feira avanços nas negociações sobre o fornecimento de gás russo, apesar de o conflito armado no Leste ucraniano continuar por resolver.

O Presidente ucraniano manifestou-se esperançado de que, em breve, seja encontrada uma solução para o problema energético. Petro Poroshenko disse — na sequência de diversas reuniões que envolveram dirigentes russos, ucranianos e europeus — esperar um acordo definitivo na próxima terça-feira, numa reunião entre ucranianos, russos e dirigentes europeus, em Bruxelas.

“Posso dizer que obtivemos alguns progressos mas que há ainda aspectos a discutir”, afirmou o líder ucraniano, após a terceira reunião com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em menos de 12 horas, à margem da 10.ª cimeira da ASEM – organização de cooperação euro-asiática, realizada em Milão, Itália.

Poroshenko tinha, anteriormente, afirmado que havia acordo sobre os “parâmetros básicos do contrato” entre a Ucrânia e a Rússia. A empresa estatal russa Gazprom cortou o fornecimento de gás à Ucrânia em Junho por falta de pagamento das dívidas da empresa ucraniana de distribuição Naftogaz.

Do lado russo, Putin pediu à União Europeia para ajudar a Ucrânia a pagar a Moscovo a dívida de fornecimento de gás, estimada em 4500 milhões de dólares (3500 milhões de euros). “Esperamos que os nossos parceiros europeus, a Comissão Europeia, dêem uma mão à Ucrânia e ajudem a solucionar este problema”, afirmou.

Putin assegurou que a Rússia não pode “correr mais riscos” nesta matéria, mencionando como possíveis instrumentos de ajuda financeira à Ucrânia a concessão de créditos por parte da UE, do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou do Banco Mundial.

As declarações foram feitas após a terceira reunião do dia entre Putin e Poroshenko, mas a única com carácter bilateral. Os dois líderes tinham-se reunido anteriormente na presença do Presidente francês, François Hollande, e da chanceler alemã, Angela Merkel.

Na agenda estava também a pacificação do Leste da Ucrânia, onde, na zona do aeroporto de Donetsk, prosseguem combates, apesar de estar formalmente em vigor um cessar-fogo desde o início de Setembro.

O acordo assinado nessa altura em Minsk prevê o fim das hostilidades entre o Exército e as forças separatistas pró-russas que ocupam partes das regiões de Lugansk e Donetsk. O chamado Memorando de Minsk prevê um estatuto especial para as regiões controladas pelos separatistas.

Nesta matéria, a única novidade saída das reuniões na cidade italiana — e anunciada por Putin — foi o acordo a que Rússia, França, Itália e Alemanha chegaram para a utilização de drones para vigiar o cumprimento do cessar-fogo, designadamente na fronteira russo-ucraniana. “A Itália, a França e a Alemanha manifestaram a vontade de trabalhar em conjunto nesse projecto e a Rússia também vai participar”, disse. com agências

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