Rússia diz que já lançou o “pânico” no Estado Islâmico

Estado-maior diz que há jihadistas a tentarem fugir para a Europa. Cameron acusa Moscovo de estar a ajudar “o carniceiro Assad”.

Foto
Imagem do bombardeamento russo a Maarat al-Numaan, este sábado Reuters

A Rússia afirma que os ataques aéreos que iniciou na quarta-feira na Síria semearam o “pânico” no autoproclamado Estado Islâmico (EI) e obrigaram “cerca de 600” dos seus combatentes a “abandonarem as suas posições e a tentarem fugir para a Europa”.

“O pânico e a deserção começaram nas suas fileiras”, disse um responsável do Estado-maior, general Andrei Kartapolov, num comunicado citado pela agência russa Sputnik (ex-RIA). “Conseguimos reduzir significativamente o potencial militar dos terroristas.”

A aviação russa contabiliza em mais de 60 os ataques aéreos que já fez na Síria, visando para cima de 50 alvos do grupo islamista. Já antes deste balanço o ministério da Defesa tinha anunciado terem sido bombardeados nas 24 horas anteriores mais de duas dezenas de alvos e atingidas nove posições do EI. A coligação liderada pelos EUA anunciou este sábado 27 ataques ao grupo jihadista no Iraque e na Síria.

Os alvos que a Rússia anunciou ter atacado incluem um posto de comando e um paiol subterrâneo próximo de Raqqa, praça-forte do EI, no Norte, e também um paiol em Maarat al-Numaan. Mas o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, citado pela Reuters, diz que a maior partes dos combatentes que actuam naquela zona pertencem à Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, e a outras organizações que combatem o regime do Presidente Bashar al-Assad. O observatório informou também ter confirmado que desde o início dos bombardeamentos russos foram mortos pelo menos 39 civis e 14 combatentes, 12 deles do EI.

Andrei Kartapolov confirmou informação anterior de que a Rússia vai “aumentar a intensidade” dos ataques na Síria que, segundo o Governo visam o EI e “outros grupos terroristas”. Mas os que para Moscovo são terroristas não o são necessariamente para Washington e os seus aliados. Rebeldes citados pela Reuters disseram que, desde o início dos ataques russos, foram bombardeadas pelo menos quatro facções que actuam sob o “chapéu” do Exército Livre da Síria, apoiado pelo Ocidente, incluindo combatentes treinados pela CIA, serviços secretos norte-americanos.

A coligação internacional liderada pelos EUA pediu a Moscovo que bombardeie apenas os EI. O Presidente norte-americano disse na sexta-feira à noite que a Rússia não estabelece diferenças entre os opositores de Assad. E este sábado o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse quase o mesmo: “É absolutamente claro que a Rússia não distingue entre o EI e os grupos de oposição legítima e em resultado disso está a ajudar o carniceiro Assad, agravando a situação.”

O seu ministro britânico da Defesa, Michael Fallon, disse, numa entrevista ao jornal Sun, que só um em cada 20 ataques russos tem como alvo o EI, que controla mais de metade da Síria. A Rússia foi também acusada pelo governante de lançar bombas não guiadas sobre zonas civis e contra outros opositores de Assad, para fortalecer a posição do chefe do regime de Damasco.

O Parlamento de Londres rejeitou em 2013 o envolvimento militar do país na Síria, mas Fallon disse que o Governo tem feito progressos para conseguir convencer deputados a apoiarem os ataques aéreos na Síria. “Não podemos deixar que sejam a aviação francesa, australiana e americana a manter as ruas britânicas seguras", disse. Actualmente, o Reino Unido bombardeia o EI apenas no Iraque.

Os EUA estarão entretando a ponderar o reforço do apoio a rebeldes sírios moderados para combaterem o EI em zonas próximas da fronteira sírio-turca, disseram à Reuters fontes oficiais norte-americanas. O plano contaria com o envolvimento da Turquia.

Sugerir correcção
Ler 45 comentários