Rússia distribuiu passaportes entre habitantes da Crimeia

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Vladimir Ogrizko, acusou hoje as autoridades russas de estarem a distribuir secretamente passaportes da Rússia entre os habitantes da Crimeia, uma república autónoma da Ucrânia.

“O Consulado Geral da Rússia em Simferopol (capital da Crimeia) distribui passaportes da Federação da Rússia entre os cidadãos ucranianos. Pedimos à parte russa informações sobre a sua quantidade, mas não recebemos resposta”, declarou Ogrizko, numa entrevista ao jornal alemão “Frankfurter Allgemeine”.

“Vamos tomar medidas para impedir isso. A nossa Constituição proíbe a cidadania dupla”, acrescentou.

Nos anos 90 do séc. XX, Moscovo distribuiu passaportes russos entre a população da Ossétia do Sul e da Abkházia, regiões separatistas da Geórgia, e, no início de Agosto, quando enviou tropas para esses territórios, alegou a defesa dos cidadãos da Rússia.

A Crimeia é uma república autónoma, nas costas do Mar Negro, que fez parte da Rússia até 1954. Nesse ano, o dirigente soviético Nikita Khrutchov entregou-a à Ucrânia.

Presidente da Câmara de Moscovo quer devolução à Rússia

Segundo o recenseamento de 1989, o último realizado na região, dos mais de dois milhões e trezentos mil habitantes, 1630 mil (69,2 por cento) eram de origem russa, 620 mil ucranianos e cerca de 100 mil tártaros da Crimeia.

O ministro ucraniano considerou um “verdadeiro problema” as recentes declarações de dirigentes russos sobre a intenção de defender os seus cidadãos no estrangeiro.

Alguns dirigentes russos, nomeadamente Iúri Lujkov, Presidente da Câmara de Moscovo, defendem que a Crimeia é território russo e deve ser devolvida pela Ucrânia.

A meio da semana, o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, enumerou os cinco princípios da sua política. No quarto, o líder russo refere “a defesa da vida e da dignidade da Rússia, independentemente do lugar onde se encontrem” e o quinto prevê que Moscovo irá “trabalhar com muita atenção” em algumas “regiões privilegiadas”, principalmente nas regiões fronteiriças.

“Declaro com sinceridade: estamos preocupados com o conceito, recentemente avançado pelo Presidente da Rússia, das regiões de interesses privilegiados da Rússia”, comentou Victor Iuschenko, Presidente da Ucrânia.

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