Rússia ameaça Dinamarca caso se junte a escudo antimíssil da NATO

País nórdico anunciou em Agosto que planeia participar no escudo antimíssil europeu da Aliança Atlântica.

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Exercício militar da NATO no Mar Negro na passada semana

A Rússia acenou com a ameaça nuclear perante a possibilidade de a Dinamarca integrar o escudo antimíssil da NATO, aprofundando o clima de tensão entre Moscovo e a Aliança Atlântica vivido nos últimos meses.

Num artigo de opinião publicado este domingo no jornal Jyllands-Posten, o embaixador russo em Copenhaga, Mikhail Vanin, aludiu à participação da Marinha dinamarquesa no escudo antimíssil da NATO, no âmbito do programa de defesa europeia. “Se isso acontecer, os navios de guerra dinamarqueses vão passar a ser alvos para as armas nucleares russas. A Dinamarca será parte da ameaça contra a Rússia”, escreveu o diplomata, acrescentando que as relações entre os dois países “serão danificadas”.

No Verão, a Dinamarca tinha anunciado que iria participar no escudo antimíssil da Aliança, um esquema desenhado para proteger a Europa de um ataque. A Rússia sempre encarou com desconfiança este projecto, que era até agora um dos principais temas de discussão entre a NATO e Moscovo.

O Governo dinamarquês considerou “inaceitáveis” as declarações do embaixador e tentou tranquilizar Moscovo. “A Rússia sabe muito bem que a defesa antimíssil não é dirigida a si. Estamos em desacordo com a Rússia em várias coisas importantes mas é crucial que o tom entre nós não suba”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Martin Lidegaard.

Ao contrário de alguns vizinhos nórdicos, como a Suécia ou os países bálticos – que dizem recear o expansionismo russo e pedem posições mais duras da União Europeia e da NATO –, a Dinamarca tentou ter um papel apaziguador nas relações com a Rússia. Em Novembro, a primeira-ministra, Helle Thorning-Schmidt, dizia ao Financial Times não ter preocupações quanto à integridade territorial. “Mantemos as nossas cabeças frias e o cockpit quente.”

As relações entre a Rússia e o Ocidente atingiram no último ano o ponto mais baixo desde o final da Guerra Fria. As diferentes interpretações sobre a guerra na Ucrânia – a NATO acusa Moscovo de participar militarmente no conflito, algo que o Kremlin nega – estão na base desta situação, ao qual se associa o aumento das manobras militares russas, cujas aeronaves chegaram mesmo, em algumas ocasiões, a entrar no espaço aéreo europeu.

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