Rui Machete diz que posição comum é difícil e duvida que UE apoie sanção militar à Síria

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Rui Machete Daniel Rocha

O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse nesta sexta-feira que será difícil a União Europeia chegar a uma posição comum sobre a resposta aos ataques químicos na Síria e não acredita que a organização apoie uma sanção militar.

Rui Machete falava à agência Lusa em Vilnius, capital da Lituânia, no final do primeiro dia da reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que terminou com mais de uma hora de atraso devido às intervenções dos ministros francês e alemão, que chegaram ao início da tarde directamente da reunião do G20, em São Petersburgo, na Rússia.

O chefe da diplomacia portuguesa disse existirem divisões entre vários países europeus em relação à resposta a dar ao regime sírio, perante um caso "muito complexo" e que "muda a todas as horas".

"É muito difícil ter uma posição para um problema que é muito complexo e muito delicado, em que há as questões de garantir a legitimidade da resposta da União Europeia e de garantir a coesão dos membros da União Europeia perante uma situação que é complexa face ao Direito Internacional, politicamente muito difícil, e em que se está a manifestar de uma maneira clara a oposição entre os Estados Unidos, de algum modo a União Europeia, e a Rússia e a China do outro lado", declarou.

Segundo Rui Machete, o mais difícil será retirar consequências do reconhecimento de um ataque com armas químicas, já que "não há dúvidas" disso entre os Estados-membros e "também não há grandes dúvidas que tenha sido atribuído a Damasco".
"O problema depois é como legitimar isso face à posição do Conselho de Segurança, que está bloqueado", apontou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

"A opinião não é exactamente igual na intensidade do empenhamento dos diversos membros da União europeia, portanto, [no fim da reunião informal] vai certamente dizer-se que há um ataque de armas químicas, que havia um armazenamento ilegal de armas químicas, entende-se que o culpado é o Governo sírio, mas dessa condenação a retirar-se a ideia de que deve haver uma sanção militar através de uma intervenção dos Estados Unidos e da França, aí provavelmente não se chegará tão longe", acrescentou.

A reunião desta tarde dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que decorreu no edifício da Galeria Nacional de Arte, em Vilnius, prolongou-se por mais de três horas.

O encontro informal dos chefes da diplomacia europeia termina no sábado com uma reunião em que estará presente o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

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