Roma vai a votos e é provável que escolha uma mulher

Virginia Raggi, do partido do populista Beppe Grillo, venceu a primeira volta e promete mudar o sistema.

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Virginia Raggi num comício em Ostia, perto de Roma Remo Casilli/Reuters

Alguns italianos estão neste domingo a escolher novos autarcas e se as projecções se confirmarem, Roma poderá estar prestes a ter a primeira mulher a liderar a capital. Uma vitória de Virginia Raggi, do Movimento 5 Estrelas, será um golpe para o primeiro-ministro, Matteo Renzi.

Raggi, uma advogada de 37 anos quase desconhecida, obteve 35% dos votos na primeira ronda, a 5 de Junho, dez pontos acima de Roberto Giachetti, do Partido Democrático (PD, de Renzi, de centro-esquerda).

“É um dia muito especial, hoje, porque há a possibilidade de ter alguém novo que poderá mudar as coisas. Todos os outros falharam, esperamos que estes consigam”, comentou à AFP Aldo, um reformado de 72 anos que votou no Movimento 5 Estrelas (M5S) em Roma.

Virginia Raggi centrou a sua campanha na ideia de “ruptura do sistema”, sem entrar em grandes detalhes sobre o seu programa e o que fará para resolver a dívida de 12 mil milhões de euros que a cidade enfrenta (o dobro do seu orçamento anual), ou apresentar os membros de uma futura equipa, aponta a AFP.

O partido populista do cómico Beppe Grillo foi fundado em 2009 e tornou-se na segunda força do país com 25% dos votos nas legislativas de 2013, com um discurso centrado na desonestidade da classe política, anti-sistema e anti-globalização, que se afirma sem ideologia (muitas posições de Grillo são de direita, mas a maioria dos seus activistas e candidatos são de esquerda).

As eleições são apenas parciais, mas incluem as duas principais cidades do país (Milão também vai a votos), com nove milhões de eleitores a ir às urnas. Também em Turim um jovem candidato do movimento de Grillo está bem posicionado para a vitória. E o PD está igualmente em risco em Milão, desta vez devido à proximidade do seu candidato com o do centro-direita.

A vitória em Roma seria simbolicamente importante para o M5S poder aspirar ao poder no país nas legislativas de 2018. Renzi tem passado as últimas semanas a tentar minimizar o alcance do escrutínio, repetindo que “a mãe de todas as batalhas” políticas continua a ser o referendo previsto para Outubro sobre a reforma constitucional, que levará à sua demissão em caso de derrota.

Estas autárquicas estão “destinadas a deixar um traço na política italiana, a marcar uma descontinuidade e uma possível ruptura no sistema”, avisou num editorial no sábado o La Repubblica. Com o M5S, “estamos a escolher a frescura e a simpatia, a considerar a inexperiência um grande valor, e a associá-la à esperança”. O texto compara os militantes do partido a passageiros de um avião que tomam os comandos para protestar contra os atrasos dos voos e as vantagens sociais dos pilotos.

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