Roma invadida por um enorme protesto contra a austeridade

Protesto juntou vários sectores e foi pontuado por confrontos entre a polícia e manifestantes junto ao Ministério da Economia.

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Houve confrontos em frente ao Ministério da Economia e Finanças Alessandro Bianchi/Reuters
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Os imigrantes em Itália também se manifestaram ANDREAS SOLARO/AFP
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Os organizadores falam em 70.000 manifestantes, a polícia em 50.000 Alessandro Bianchi/Reuters
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Também houve confrontos à passagem pela sede da associação fascista CasaPound ALBERTO PIZZOLI/AFP
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Silvio Berlusconi também foi alvo de protestos ALBERTO PIZZOLI/AFP

Mais do que a capital de Itália, Roma foi neste sábado o centro da contestação europeia contra o sufoco da economia. Dezenas de milhares de pessoas — 70.000 segundo os organizadores, 50.000 segundo a polícia — serpentearam pelas ruas da cidade enquanto gritavam palavras de ordem contra a austeridade do Orçamento do Estado para 2014, mas também contra as consequências sociais da crise.

Ao lado dos que se opõem à construção da nova linha de alta velocidade entre Itália e França, desempregados, trabalhadores precários, estudantes e imigrantes foram para a rua gritar o seu descontentamento.

"Este protesto é para exigir um direito básico: um trabalho pago e uma habitação", disse o jovem Matteo, de 20 anos, à agência Reuters.

A tragédia humanitária dos imigrantes também esteve representada na manifestação, que foi policiada por 4000 agentes das forças de segurança. "Queremos justiça", lia-se em muitos cartazes empunhados por pessoas que chegaram a Itália em busca de melhores condições de vida. "Temos direito a uma habitação, tal como os italianos. Foram derramadas lágrimas de crocodilo sobre Lampedusa", disse à AFP um dos manifestantes, Aboubakar Soumahoro.

No meio do protesto estavam também grupos de jovens com o rosto tapado, vestidos de preto, com as famosas máscaras de Guy Fawkes, popularizadas pelo filme V de Vingança e ligadas ao movimento Anonymous. Foi com elementos destes grupos que a manifestação atingiu o seu ponto de maior tensão, junto ao Ministério da Economia e das Finanças.

Por volta das 17h50 (16h50 em Portugal continental), algumas dezenas de manifestantes aproximaram-se das carrinhas da Guarda de Finanças, que bloqueavam a entrada do edifício, e lançaram cocktails molotov, petardos e pedras. As imagens em directo do site do jornal La Repubblica transmitiram dez minutos de grande tensão, que culminaram com a chegada da polícia de choque. A carga policial levou os manifestantes a fugirem pelas ruas adjacentes e alguns deles foram detidos.

Também se registaram confrontos à passagem pela sede do movimento fascista CasaPound, que posicionou alguns dos seus elementos para protegerem o edifício dos manifestantes. Voaram garrafas entre os dois lados, mas a polícia acabou por conseguir acalmar a situação.

O descontentamento e a fúria subiram de tom nos últimos dias em Itália, após a apresentação da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.

A frágil coligação no Governo, liderada pelo Partido Democrático, de centro-esquerda, e mantida a muito custo pela direita de Silvio Berlusconi, é acusada de não promover uma descida de impostos suficiente para acomodar as medidas de austeridade e a falta de políticas de crescimento.

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