Reino Unido decidirá sobre ataque à Síria depois de conclusões de peritos

Londres adia calendário de acção e Parlamento votará duas vezes. França votará na próxima semana.

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William Hague diz que as conversações sobre a resolução na ONU poderão demorar dias Suzanne Plunkett/Reuters

O Parlamento britânico vai afinal votar duas vezes sobre a questão síria. Uma será já esta quinta-feira. Mas uma luz verde a uma intervenção militar dada pela Câmara dos Comuns só acontecerá depois de conhecido o relatório dos peritos em armas químicas que estão agora em Damasco e que deverão regressar no domingo.

O Parlamento francês tem, pelo seu lado, marcada para a próxima semana uma sessão de emergência sobre a questão. Ao contrário do Reino Unido, em que a oposição trabalhista questionou o avanço para uma acção militar sem o aval da ONU, em França os líderes da oposição apoiaram a intenção do Presidente François Hollande agir contra o regime de Bashar al-Assad após os ataques com armas químicas da semana passada nos arredores de Damasco.

A oposição dos trabalhistas terá sido aliás um factor que levou o Executivo britânico a decidir apresentar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU – mesmo sabendo que, com a oposição certa da Rússia, não terá qualquer hipótese de ser aprovada.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, William Hague, disse também que as conversações sobre um projecto de resolução poderão demorar “dias”. As declarações desta quarta-feira contrastam com o tom mais urgente usado na véspera. 

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já disse que os inspectores vão “precisar de tempo” para tirar conclusões, notando que estão a trabalhar em “condições muito duras e perigosas”. Ban quer uma solução diplomática, mas avisa para os riscos da inacção: pode-se perder “uma geração completa de seres humanos”.

O embaixador da Síria nas Nações Unidas pediu, entretanto, que a equipa de inspectores da ONU analise três outros locais onde diz que forças rebeldes usaram armas químicas, nos dias 22, 24 e 25 de Agosto.

Mas um coro de vozes continua a responsabilizar o regime pelo grande ataque com armas químicas que deixou 3600 pessoas com sintomas neurotóxicos e que terá morto centenas de pessoas (457 segundo a organização não governamental Centro de Documentação de Violações).

A última foi a do secretário-geral da NATO, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, disse nesta quarta-feira que “qualquer uso de armas químicas é inaceitável e não pode ficar sem resposta”, num comunicado emitido após uma reunião com os embaixadores dos 28 países membros da organização.

Rasmussen responsabilizou directamente o regime de Assad pelo ataque com armas químicas no dia 21 deste mês, nos arredores de Damasco: “As informações disponíveis de uma grande variedade de fontes apontam para o regime sírio como o responsável pelo uso de armas químicas nesses ataques."

Os EUA – que já disseram, via secretário de Estado John Kerry, que o ataque químico não ficará sem punição e via secretário da Defesa Chuck Hagel que estão prontos a atacar, faltando vir a público o Presidente falar sobre a questão – prometeram mostrar hoje provas de que o ataque foi cometido pelo regime de Assad.<_o3a_p>
 
 
 

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