Recontagem de votos confirma vitória da esquerda nas presidenciais de El Salvador

Sanches Ceren é o primeiro ex-guerrilheiro a chegar à chefia de Estado no país. O candidato da direita, Norman Quijano, contesta o resultado.

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Sanches Ceren é o quarto antigo guerrilheiro que chega à presidência d eum país da América Latina José CABEZAS/AFP

É o primeiro antigo guerrilheiro a chegar à presidência de El Salvador. Salvador Sanchez Ceren venceu a segunda volta das eleições de domingo, anunciou o Supremo Tribunal Eleitoral, que pedira uma recontragem dos votos devido à curta margem entre o candidato da esquerda e da direita.

No domingo, quando foi anunciado o resultado do escrutíneo, ambos os candidatos declararam vitória e Norman Quijano, da Aliança Republicana Nacional (Arena), anunciou que não aceitaria outro desfecho que não fosse a vitória.

Na quarta-feira à noite, quando o resultado final foi anunciado, Quijano acusou o Govenro de fraude. "O que eles querem é instaurar uma ditadura da FMLN [Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional]", disse, pedindo aos apoiantes para não o permitirem e para "aumentarem a pressão". Anteriormente, tinha prometido que os seus apoiantes e da Arena iriam contestar e lutar contra este resultado, que classificou de fraudulento.

O Supremo Tribunal Eleitoral ainda tem que avaliar o pedido de anulação das eleições feito pela Arena, pelo que a proclamação oficial do vencedor demorará mais uma semana, avança a AFP. Mas avançou já com os números da recontagem: 50,11% dos votos para Ceren, 49,89% para Quijano. O provedor dos direitos humanos, disse que "não há qualquer indício de existência de fraude" e apelou aos responsáveis políticos para não provocarem os apoiantes, mantendo-os calmos.

Sanchez Ceren, de 69 anos, é o quarto antigo guerrilheiro a chegar à presidência de um país da América Latina, a seguir a Daniel Ortega (Nicarágua), José Mujica (Uruguai) e Dilma Rousseff (Brasil). Era vice-presidente no Governo de Mauricio Funes (também da FMLN), que em 2009 conseguiu quebrar os 20 anos de poder da Arena.

A governação não será fácil para Ceren, que herda um país dominado pela violência dos gangues que se dedicam ao tráfico e à extorção, pela crise económica e pela pobreza que desceu nos últimos cinco anos mas ainda ronda os 40% dos cerca de seis milhões e 300 mil habitantes.

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