Raide aéreo contra bomba de gasolina mata dezenas na Síria

Números das Nações Unidas referem que já morreram mais de 60 mil pessoas no conflito sírio desde meados de Março de 2011

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Imagem retirada de vídeo amador publicado no YouTube AFP

Dezenas de pessoas morreram esta quarta-feira na explosão de uma bomba de gasolina perto de Damasco que foi alvo de um raide aéreo da aviação síria no momento em que estava a ser abastecida por um camião cisterna.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos e militantes anti-regime citados pelas agências internacionais e pela BBC, o número de vítimas mortais poderá variar entre 30 a 70 pessoas, sendo que há também a registar dezenas de feridos em estado grave.

As imagens captadas por telemóveis e os relatos de sobreviventes dão conta de um cenário de horror, com corpos em chamas, cadáveres calcinados, feridos aos gritos implorando por ajuda, e pessoas a enfrentar as chamas para tentar salvar alguém.

Lina Sinjab, uma jornalista da BBC em Damasco, explicou que o subúrbio de Mleiha não é tido como um bastião da oposição e que a maioria das vítimas do ataque aéreo serão civis, incluindo muitas mulheres e crianças.

Em clima de guerra civil, a gasolina é um dos bens essenciais que escasseia em todo o país e as pessoas esperam horas a fio em filas para se abastecerem quando recebem informação de que uma determinada bomba de gasolina vai ser reabastecida.

No caso deste alvo, em Mleiha, activistas anti-Assad citados pela BBC garantem que bastou o disparo de um único míssil para fazer explodir a bomba de gasolina e o camião cisterna.

Na véspera do Natal, um ataque a uma padaria que tinha acabado de receber um carregamento de farinha depois de vários dias sem ter pão para distribuir fez mais de 60 mortos. A maioria das vítimas eram civis que aguardam em fila no exterior a sua vez para serem atendidos.

Números das Nações Unidas divulgados neste segundo dia de 2013 referem que mais de 60 mil pessoas morreram no conflito sírio desde meados de Março de 2011. A semana passada, o Observatório dos Direitos Humanos tinha elevado o seu balanço para 45 mil, admitindo que poderiam ser muitas mais.

"O número de vítimas é muito maior do que esperávamos e é verdadeiramente chocante", disse esta quarta-feira a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, numa conferência de imprensa em Genebra. Um grupo de investigadores das Nações Unidas analisou um período de cinco meses através do cruzamento de sete fontes e concluiu que até 30 de Novembro tinham sido mortas na Síria 59.648.

"Tendo em conta que não houve abrandamento no conflito desde o fim de Novembro, podemos assumir que mais de 60 mil pessoas foram mortas até ao início de 2013", disse Pillay. Algumas só queriam pôr gasolina no carro, outras precisavam de comprar pão.

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