Quénia quer maior campo de refugiados somalis fora do seu país

Governo dá três meses à ONU para deslocar as 600 mil pessoas em Dadaab para a Somália.

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Com mais de 600 mil residentes, o campo de Dadaab é o maior do mundo Tony Karumba / AFP

Em resposta ao ataque de Garissa, o Governo do Quénia exigiu neste sábado que fosse retirado do país o maior campo de refugiados do mundo. A sua vontade é que os mais de 600 mil refugiados somalis de Dadaab voltem ao seu país. Esta exigência, aliás, surgiu do vice-Presidente William Ruto em forma de ultimato: as Nações Unidas têm três meses para deslocarem o campo, caso contrário será o próprio Governo queniano a fazê-lo.

Em causa está o ataque dos islamistas da Al-Shabab à Universidade de Garissa. O ataque durou mais de 12 horas e acabou com a morte de 148 pessoas, a grande maioria delas estudantes cristãos. O Governo queniano já antes acusara os combatentes da Al-Shabab de se esconderem no campo de refugiados somalis de Dadaab, a cerca de cem quilómetros da Somália, e agora quer retirá-lo do país. Até ao final da tarde, o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) não se havia ainda pronunciado sobre a exigência queniana.  

O ataque a Garissa já levou o Governo queniano a bombardear duas bases da Al-Shabab na Somália. O grupo ligado à Al-Qaeda tem o seu bastião na Somália, mas tem vindo a aumentar os ataques em solo queniano. Só num espaço de dois anos, os ataques da Al-Shabab no Quénia mataram mais de 400 pessoas. A principal linha de defesa do país face aos jihadistas da Al-Shabab tem sido através da sua presença na missão da União Africana na Somália. Mas o ataque a Garissa está a levar o Governo queniano a repostas mais drásticas.

“Da mesma maneira que a América mudou depois do 11 de Setembro, também o Quénia terá que mudar depois de Garissa”, disse o vice-Presidente do Quénia no comunicado em que exige a deslocação de Dadaab, citado pela Reuters.

A ideia de que existem combatentes da Al-Shabab no campo de refugiados de Dadaab é disputada pelo Presidente da Somália, Hassan Sheikh, que é também uma voz crítica sobre a falta de coordenação entre forças quenianas e somalis contra a milícia islamista. “Não acredito que haja uma ligação entre os refugiados somalis que vivem no campo de Dadaab e as actividades terroristas [da Al-Shabab]", disse no início do mês o Presidente da Somália à emissora oficial norte-americana Voice of America
 

  

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