Queda continuada de Marina Silva e subida de Aécio aumentam expectativa nas eleições brasileiras

Com Dilma Rousseff a ver o fosso que a separa dos seus adversários na corrida pela presidência cada vez mais alargado, as sondagens desta terça-feira trazem à actualidade da campanha uma probabilidade cada vez mais consistente: Aécio Neves pode bater Marina Silva na recta final e ganhar um lugar para a segunda volta das presidenciais brasileiras.

Marina em queda, Dilma em alta: as eleições brasileiras são já no próximo domingo
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Marina em queda, Dilma em alta: as eleições brasileiras são já no próximo domingo REUTERS/Paulo Whitaker
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Aécio Neves em campanha em Niterói: haverá lugar numa segunda volta para o candidato do PSDB? REUTERS/Pilar Olivares

O “furacão Marina”, que chegou a colocar a candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) lado a lado com a Presidente Dilma Rousseff, continua a perder força nas sondagens e deixou de ter a garantia absoluta de ser a eleita para disputar a segunda volta das eleições brasileiras. Dois estudos de opinião revelados ao final da noite desta terça-feira (madrugada de quarta-feira em Lisboa), do Datafolha e do Ibope, mostram a quarta semana de quedas consecutivas de Marina Silva nas intenções de voto e confirmam que o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) está agora a apenas cinco ou seis pontos percentuais de distância da sua mais directa adversária. Uma vez que as margens de erro se situam na ordem dos 2% para cima ou para baixo, a persistência desta tendência nos dias que faltam até à eleição, no próximo domingo, deixará tudo em aberto sobre quem disputará com a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) a segunda volta das presidenciais.

No inquérito do Datafolha, Dilma Rousseff recolhe as mesmas intenções de voto da semana passada (40%), mas a distância que a separa agora de Marina Silva aumentou para 15 pontos percentuais. A candidata do PSB, que há apenas duas semanas registava 30% das intenções de voto, voltou a perder peso na avaliação dos eleitores e está agora com 25% (27% no inquérito da semana passada). Já Aécio Neves continua a subir, agora com mais velocidade. Se entre a segunda e a terceira semana de Setembro cresceu 1%, nos últimos sete dias a sua aceitação pelo eleitorado aumentou 2% e está agora com 20% das intenções de voto. Já no Ibope, Dilma continua a crescer (de 38 para 39%), Marina Silva regista uma queda mais acentuada (4% em apenas uma semana, obtendo agora 24% das intenções de voto) e Aécio manteve-se estável na casa dos 19%.

Face a estas alterações na preferência do eleitorado, a possibilidade de Dilma Rousseff ganhar as eleições na segunda volta consolidou-se, acentuando a tendência que se começou a verificar na semana passada. Até então, todos os estudos de opinião realizados após o anúncio da candidatura de Marina Silva indicavam que a sucessora de Eduardo Campos, falecido num desastre aéreo a 13 de Agosto, bateria a actual presidente numa segunda volta. Os estudos de opinião ontem revelados, que, no caso do Ibope se realizaram entre 27 e 29 de Setembro e o do Datafolha na segunda e terça-feira desta semana, apontam agora para uma diferença entre 9 e 8% na segunda volta em favor de Dilma. Agora, Aécio consegue uma diferença praticamente igual à da sua adversária do PSB (menos um ponto percentual). O que, do ponto de vista simbólico, os coloca na mesma posição para disputar o voto dos eleitores descontentes com a governação do PT.

Dilma consolida liderança
Entre todas estas contas, quem consolida a sua posição e surge num cenário cada vez mais favorável para ganhar a eleição é Dilma Rousseff. Por tradição, quem ganha a primeira volta das eleições brasileiras acaba por ser eleito para a presidência. De resto, o Datafolha registou no seu último inquérito que a percentagem de eleitores que quer mudanças no país se reduziu de 79 para 74%, ao mesmo tempo que um terço desta franja do eleitorado considera que Dilma é a candidata mais capaz de promover essas mudanças.

Mas o que os dados em cima da mesa para a recta final da campanha mostram de mais relevante é a incerteza sobre quem estará ao lado de Dilma para a segunda volta. Uma disputa tão acirrada pela segunda vaga já não se via no Brasil desde 1989, quando Lula da Silva e o histórico Leonel Brizola disputaram ombro a ombro a vaga para concorrer com Fernando Collor de Melo. Lula bateu Brizola, mas Collor acabaria por ser eleito presidente.

Abalada pelos ataques do PT, que põem em causa a sua coerência política e a sua capacidade para governar (além de a acusarem de fazer o jogo dos banqueiros, de pôr em questão a glória dos recursos naturais do Brasil, o petróleo do pré-sal, ou programas sociais como o Bolsa Família) Marina não consegue suster a queda. Animado pelas sondagens, a campanha de Aécio luta contra o tempo e tenta ganhar espaço nos círculos eleitorais onde o PSDB tem uma implantação histórica e onde domina os governos estaduais, Minas Gerais e, principalmente, São Paulo. O debate da TV Globo, amanhã à noite, pode ser determinante para decidir quem será o segundo passageiro da carruagem onde Dilma se sente cada vez mais confortável.

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