Putin recebe elogios do Comité Olímpico e mostra leopardos bebés

Na sexta-feira começam os Jogos Olímpicos de Inverno e activistas preparam contestação às leis russas que condenam a homossexualidade.

Putin com uma cria de leopardo-da-pérsia, que descende dos leopardos vindos do Zoo de Lisboa
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Putin com uma cria de leopardo-da-pérsia, que descende dos leopardos vindos do Zoo de Lisboa ALEXEI NIKOLSKY/AFP
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Putin e o presidente do COI, Thomas Bach DAVID GOLDMAN/AFP

Vladimir Putin recebeu em Sochi visitantes do Comité Olímpico Internacional (COI) a três dias do início dos Jogos Olímpicos de Inverno, para mostrar como estará tudo a postos, e para receber os elogios do presidente do COI, Thomas Bach: “Fez tudo o que era preciso para os desportistas. Cumpriu todas as promessas que fez ao COI há sete anos”, quando Sochi, uma estância balnear subtropical, foi escolhida para receber os Olímpicos de Inverno.

Fazendo de anfitrião perfeito, o Presidente russo mostrou aos visitantes as crias de leopardos-da-pérsia (Panthera pardus saxicolor) filhas de Andrea e Zadig, dois animais de sete anos que viviam no Jardim Zoológico de Lisboa e que emigraram para o Parque Nacional de Sochi, em 2012, ao abrigo do Programa de Reintrodução do Leopardo-da-pérsia criado pelo governo russo em parceria com várias entidades de conservação da Natureza.

Passeou pela Aldeia Olímpica de Sochi com o alemão Bach e com o francês Jean-Claude Killy, presidente da comissão de coordenação dos Jogos Olímpicos de Sochi, pela parte do COI. Em meados de Janeiro, Killy causou uma enorme polémica em França com uma entrevista ao jornal Le Monde em que dizia considerar-se “amigo” de Vladimir Putin, e se mostrava compreensivo – demasiado compreensivo com as questões de direitos humanos na Rússia.

A lei aprovada na Primavera que proíbe os homossexuais de fazerem “propaganda” sobre a homossexualidade junto de menores? “Essa lei saiu como um coelho da toca”, afirmou este alto responsável do COI, que ainda assim preferiu fechar os olhos. “Estudámos os termos da lei e apercebemo-nos que 72 países membros do COI têm uma lei semelhante, que por vezes chega à pena de morte, e temos relações muito calorosas com alguns destes países. Mas a ingerência do COI limita-se à exigência do respeito pela carta olímpica”, disse Killy ao Le Monde.

Este tipo de declarações levaram a pedidos de demissão de organizações que defendem os direitos dos homossexuais, e também da Human Rights Watch.

Várias organizações têm denunciado a proximidade, ou mesmo a renúncia a fazer crítica construtiva, do Comité Olímpico Internacional relativamente à Rússia, quando estes Jogos Olímpicos de Inverno – os mais caros de sempre, com uma estimativa de custos de cerca de 37 mil milhões de euros – são uma aposta pessoal de Vladimir Putin.

Nesta quarta-feira, a organização norte-americana de defesa dos direitos dos homossexuais All Out faz um apelo a que se realizem manifestações no mundo inteiro e em Sochi “para denunciar as leis russas anti-gays”, que tenham como alvo sobretudo as empresas patrocinadoras dos Jogos Olímpicos de Inverno, como a McDonald’s, a Coca-Cola, a Samsung, a Visa, ou a Omega, relata a AFP.

Estão já previstas manifestações em Nova Iorque, Paris, Londres, Durban, São Petersburgo e Rio de Janeiro. E até na Internet se têm realizado manifestações virtuais, com as campanhas destes patrocinadores – no Twitter ou no Facebook a serem aproveitadas por activistas para denunciar as leis russas contra os homossexuais.

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