Putin ordena retirada de milhares de tropas russas da fronteira com a Ucrânia

Ordem do Kremlin chega antes de uma importante cimeira que vai juntar o Presidente russo e o seu homólogo ucraniano, Petro Porochenko.

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Putin sempre negou a ingerência militar russa no Leste da Ucrânia Maxim Zmeyev/reuters

Antes de uma semana de intensas movimentações diplomáticas, o Presidente russo, Vladimir Putin, deu ordem ao seu ministro da Defesa para retirar as tropas russas que estão estacionadas na fronteira com a Ucrânia há vários meses.

O Kremlin anunciou que os 17.600 soldados que têm estado envolvidos em exercícios militares na região de Rostov, no sul da Rússia, “vão começar a regressar às suas bases permanentes”.

O ministro da Defesa, Serguei Choigu recebeu a ordem presidencial depois de ter anunciado que “o treino de Verão nos campos de tiro do distrito militar Sul terminou”.

Vladimir Putin deve encontrar-se com o Presidente ucraniano, Petro Porochenko, por ocasião de uma cimeira em Milão marcada para a próxima sexta-feira, onde vão estar vários líderes europeus, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, e os primeiros-ministros italiano, Matteo Renzi, e britânico, David Cameron.

Kiev e as potências ocidentais, que decretaram sanções económicas sem precedentes contra a Rússia, acusam o Kremlin de ter armado os rebeldes pró-russos no Leste da Ucrânia e de, em Agosto, ter enviado tropas para os apoiar.

Desde Julho que a NATO afirma que cerca de 20 mil soldados russos estão estacionados “perto da fronteira com o Leste da Ucrânia”. Moscovo sempre negou qualquer envolvimento dos seus soldados no conflito que opõe os separatistas pró-russos às forças de Kiev.

O processo de paz no Leste da Ucrânia está cada vez mais comprometido, apesar da instauração de um cessar-fogo no dia 5 de Setembro, destinado a travar um conflito fez mais de 3600 mortos em seis meses. Os combates entre forças ucranianas e rebeldes pró-russos continuam a fazer vítimas todos os dias em vários “pontos quentes”, nomeadamente em Donetsk, um dos bastiões dos separatistas. Os dois lados acusam-se mutuamente de não estar a ser respeitada a zona tampão que ficou estipulada no acordo de cessar-fogo.

“Não estou à espera de negociações fáceis”, mas “estou optimista”, declarou Porochenko no sábado, referindo-se à cimeira de Milão, acrescentando que espera que Moscovo passe “das palavras às medidas concretas”.

Antes da cimeira, já na terça-feira, é a vez do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, se encontrarem em Paris para discutirem a crise ucraniana.

Enquanto isso, o Presidente Poroshenko aceitou a demissão do seu ministro da Defesa, que estava a ser atacado por uma fuga das forças governamentais no Leste, em final de Agosto, uma derrota que levou, segundo analistas, o Governo de Kiev a aceitar um cessar-fogo. Valeri Heletei, 47 anos, tinha sido nomeado em Julho, o terceiro a ocupar o cargo desde que protestos de rua forçaram a demissão do antigo presidente pró-Moscovo, Viktor Ianukovich. 

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