Putin assinou decreto de "reabilitação" dos tártaros da Crimeia

Deportados por Estaline, tártaros encaram poder russo com desconfiança. “Vamos esperar a aplicação prática", reagiu um responsável.

O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto sobre a “reabilitação” dos tártaros da Crimeia e de outras minorias reprimidas no tempo do ditador soviético Estaline.

“Assinei um decreto sobre a reabilitação dos tártaros da Crimeia, dos arménios, alemães, gregos, de todos os que sofreram com a repressão estalinista”, anunciou, esta segunda-feira.

Deportados para a Ásia Central, no final da Segunda Guerra Mundial, por Estaline, que os acusou de colaboração com a Alemanha nazi, os tártaros da Crimeia só foram autorizados a regressar no período da perestroika, na fase final da União Soviética.

A esmagadora maioria dos cerca de 300 mil tártaros da península da Crimeia, perto de 15% da população, boicotou o referendo, não reconhecido internacionalmente, que no passado dia 16 de Março votou pela integração na Rússia, país que encaram com desconfiança.

A reacção ao decreto de Putin foi cautelosa. “Dizer que o Mejlis e os tártaros da Crimeia receberam [o decreto] com alegria e entusiasmo é pura fantasia", disse à AFP Nariman Djelial, vice-presidente do Mejlis, assembleia representativa dos tártaros da Crimeia. “Trata-se de um conjunto de directrizes que já ouvimos mais de uma vez, inclusive das autoridades ucranianas”, explicou. “Vamos esperar a aplicação prática.”

A Ucrânia nunca aprovou uma lei de reabilitação dos tártaros da Crimeia, o que lhes dificulta, por exemplo, a propriedade de terra.

A decisão de Putin, divulgada pela agência noticiosa RIA-Novosti, pode vir a permitir aos tártaros compensações previstas por uma lei russa de 1991 sobre “Reabilitação dos Povos Oprimidos”. O decreto tornará também mais fácil a obtenção da nacionalidade russa por russófonos dos antigos territórios da União Soviética. Prevê também, segundo a AFP, medidas de apoio às autonomias culturais, à aprendizagem de línguas e ao desenvolvimento socioeconómico.

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