Procurador moçambicano assassinado a tiro a caminho de casa

Magistrado tinha em mãos casos de sequestros na capital moçambicana. Não é a primeira vez que morre um procurador ligado à investigação do surto de raptos.

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Surto de raptos na capital moçambicana disparou em 2012. Nélson Garrido

O procurador moçambicano Marcelino Vilankulo foi assassinado na noite de segunda-feira quando chegava a sua casa na cidade da Matola, a uma dezena de quilómetros da capital, Maputo. Depois do juiz Dinis Silica, em 2014, o procurador Vilankulo é o segundo responsável da Justiça de Moçambique a ser assassinado quando tinha a seu cargo processos sobre a onda de raptos que começou no país há cinco anos.

De acordo com os órgãos de informação moçambicanos, Marcelino Vilankulo estava ao volante do seu automóvel, a chegar a casa no final de um dia de trabalho, quando foi atingido com três tiros na cabeça e no tronco.

O jornal Notícias avançou que o procurador "tinha em mãos o processo relacionado com o caso de raptos envolvendo Danish Abdul Satar, extraditado no último dia do ano passado de Itália para Maputo".

Danish Satar é sobrinho de Momade Abdul Satar (mais conhecido como "Nini" Satar), condenado a 24 anos de prisão pelo homicídio do jornalista moçambicano Carlos Cardoso em 2000. "Nini" Satar foi posto em liberdade condicional em 2014 numa decisão controversa – poucos meses antes da sua libertação, numa entrevista ao jornal Notícias, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Jorge Khalau, acusou-o de ser "o patrão dos raptos" que começaram em 2011.

Numa declaração veiculada pela Radio France Internationale (RFI), o porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Taibo Mucobora, disse que "este acto, de forma alguma, irá fragilizar a determinação do Ministério Público de levar avante a sua missão de cumprir e fazer cumprir a lei e de combater a criminalidade. Manifestamos o nosso repúdio."

Também em reacção ao homicídio do procurador Marcelino Vilankulo, a presidente da Associação dos Magistrados do Ministério Público de Moçambique, Nélia Correia, mostrou-se preocupada "com a falta de segurança da classe", apelando a que as autoridades "reavaliem" a situação.

O correspondente da RFI noticiou também que a Procuradoria-Geral da República de Moçambique montou uma equipa de investigação especial para se dedicar ao caso do assassinato de Marcelino Vilankulo.

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