Salah Abdeslam, o homem suspeito de ter planeado e participado nos atentados de Novembro em Paris, chegou esta quarta-feira de manhã a Paris, onde será interrogado, confirmaram as autoridades belgas e francesas.

O suspeito está “ansioso por se explicar”, disse o seu advogado, Franck Berton, numa entrevista ao diário regional francês La Voix du Nord, citada pela AFP. “O que me importa é que o processo seja justo e que ele seja condenado por aquilo que fez e não por aquilo que não fez”, afirmou Berton, noutra entrevista à rádio BFM.

Salah Abdeslam esteve detido na cadeia de Bruges, mas foi transferido para Beveren, onde há uma pista de aterragem de helicópteros. Foi durante a última noite que o suspeito foi transferido da prisão de Beveren para ser entregue às autoridades francesas, explicou o advogado, no âmbito do acordo de extradição entre os dois países.

O procurador de Paris, François Molins, confirmou a chegada do suspeito às 9h05 locais (menos uma em Portugal continental). Abdeslam “será presente aos magistrados de instrução durante o dia para a sua acusação” ser formalizada, explicou Molins.

Em França, a defesa de Abdeslam irá caber a Franck Berton, um conhecido advogado criminal, que substitui o belga Sven Mary. Fora do caso, o ex-advogado traçou ao Libération um retrato pouco elogioso do seu antigo cliente. “Tem a inteligência de um cinzeiro vazio, é de uma vacuidade abissal. É o exemplo perfeito da geração GTA [saga de jogos de vídeo em que o jogador encarna um criminoso] que acredita viver num jogo de vídeo.”

Ao longo de quatro meses, o jovem francês foi o alvo de uma caça ao homem por toda a Europa, que terminou com a sua captura a 18 de Março, no distrito belga de Molenbeek. Terá sido aqui que Abdeslam ajudou a planear os ataques de 13 de Novembro na capital francesa durante as quais morreram 130 pessoas.

Os investigadores acreditam que foi o responsável pela logística em torno dos atentados, tendo alugado os dois carros usados pelos seus cúmplices, entre eles o seu irmão mais velho Brahim.

Na Bélgica, o jovem de 26 anos chegou a ser interrogado em duas ocasiões, durante as quais deu alguns pormenores acerca do seu papel nos atentados de Paris. O combinado seria Salah fazer-se explodir no Estádio de França, mas no último minuto diz ter-se arrependido.

Regressou a Molenbeek, não sem antes se ter cruzado com a polícia na fronteira franco-belga, sem que esta o tivesse reconhecido. Nos meses seguintes, as autoridades dos dois países desdobraram-se em operações para o capturar.

A sua captura aconteceu poucos dias antes dos atentados no aeroporto e no metro de Bruxelas e os investigadores acreditam que Abdeslam terá tido algum papel no seu planeamento — uma acusação que o mesmo tem rejeitado.