Primeiro-ministro do Luxemburgo casa sexta-feira com o namorado

O liberal Xavier Bettel quer modernizar a sociedade do pequeno país europeu. Já conseguiu aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, agora, segue-se um referendo sobre práticas políticas.

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Xavier Bettel contou que foi o namorado que o pediu em casamento LIONEL BONAVENTURE/AFP

O primeiro-ministro do Luxemburgo, o liberal Xavier Bettel, é gay e casa na sexta-feira com o namorado. Mas recusou os pedidos dos media que queriam fazer a cobertura da cerimónia porque, disseram os seus assessores, quer manter privada a sua vida pessoal.

O interesse dos media, nacionais e internacionais, prende-se com o facto de o Luxemburgo, o mais pequeno país da Europa — apenas 550 mil habitantes — se tornar o primeiro a ser governado por um político que não só assumiu a sua sexualidade como vai casar, sendo que também o vice-primeiro-ministro, Etienne Schneider, é gay.

Bettel chefia o Governo desde 2013, quando derrotou os cristãos-sociais que governaram o país quase ininterruptamente desde o fim da II Guerra Mundial e quebrou os 18 anos de governo de Jean-Claude Junker, o actual presidente da Comissão Europeia. O Governo liberal apresentou há apenas alguns meses a proposta de lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que foi aprovada pelo Parlamento em Junho do ano passado por esmagadora maioria, 56 votos a favor e quatro contra.

O primeiro-ministro, de 42 anos, declarou que, quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo fosse aprovado, casaria com o seu parceiro, o arquitecto Gauthier Destenay, com quem já tinha celebrado uma união de facto, em 2010. Quando tomou posse, o primeiro-ministro liberal — que se aliou aos socialistas e aos verdes — disse que pretendia modernizar a sociedade luxemburguesa, alterando leis. Uma série delas no campo político — vai fazer referendos propondo a limitação, a dez anos, dos mandatos dos políticos, a concessão de direito de voto nas legislativas a todos os estrangeiros que residam no país há pelo menos dez anos e a alteração do direito de voto para os 16 anos. O referendo a todas estas questões realiza-se a 7 de Junho.

Porque o primeiro-ministro quer privacidade, não foram divulgados pormenores sobre a cerimónia — apenas que foi Destenay que pediu o namorado em casamento, como contou no ano passado o primeiro-ministro ao jornal The New York Times ("Ele pediu-me e eu disse que sim"). Mas a imprensa luxemburguesa está a adiantar que foram convidados "vários políticos" europeus, entre eles o primeiro-ministro belga, o também liberal Charles Michel. Os jornais tablóides disseram que a grande dúvida é se o primeiro-ministro britânico, David Cameron, estará presente, uma vez que os dois criaram uma relação de amizade nas reuniões da União Europeia.

Bettel não é o primeiro chefe de Governo gay. Há também o ex-primeiro-ministro belga, Elio di Rupo, e a Islândia já teve uma chefe de Governo lésbica, Jóhanna Sigurðardóttir (2009-2013).

Na Alemanha, onde o casamento gay não é reconhecido, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Guido Westerwelle formalizou a sua relação através de uma união de facto (no país chama-se "registo de parceria"). O presidente da Câmara de Berlim, Klaus Wowereit, também assumiu publicamente a sua homossexualidade, assim como o líder da oposição social-democrata e ex-presidente da Câmara de Hamburgo, o social-democrata Ole von Beust. Um último político europeu que assumiu a sua homossexualidade quando estava no cargo - o socialista Bertrand Delanoë, que foi presidente da câmara de Paris entre 2001 e 2014.

   


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