Presidente eleito diz que o Irão vai continuar com programa de enriquecimento de urânio

Rohani quer voltar às negociações, mas reafirma que as actividades nucleares do Irão são legais.

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Rohani no dia da votação Yalda Moayeri/Reuters

O Presidente eleito do Irão, Hassan Rohani, deu ontem a sua primeira conferência de imprensa e a declaração mais forte, para consumo interno e externo, foi relativa ao nuclear: o país não vai suspender ou acabar com o programa de enriquecimento de urânio.

Este programa e a convicção do Ocidente de que o Irão tem como objectivo o desenvolvimento de armas nucleares são o cerne da ruptura de relações entre este país e os Estados Unidos. "A questão das relações entre o Irão e a América é complicada e difícil", disse Rohani.

O Presidente eleito explicou que, ao pretender controlar o programa nuclear iraniano, os Estados Unidos estão a interferir numa questão interna de outro país, o que é inadmissível, até porque a época das exigências do Ocidente "chegou ao fim". "É uma ferida antiga que precisa de ser... sarada".

Como? Rohani não explicou – durante a campanha eleitoral, prometeu tirar o Irão do isolacionismo internacional e procurar formas de melhorar as relações com os EUA.

O programa nuclear iraniano motivou a aplicação de sanções ao Irão, onde a economia está estrangulada. Rohani também prometera aplicar uma política económica que arranque o Irão do caminho da pobreza (a classe média está a desaparecer e a inflação e o desemprego estão galopantes).

Rohani quer voltar às negociações (que ficaram num impasse) do grupo 5+1. "As sanções são injustas, o povo iraniano nada fez para as merecer. As nossas actividades nucleares são legais. Estas sanções só beneficiam o Ocidente e Israel".

No início da conferência de imprensa, Hassan Rohani disse pretender criar um "novo entendimento" com o mundo. Porém, a sequência de declarações que fez deixa adivinhar uma política de continuidade sobre os temas que fizeram a ruptura Irão-Ocidente.

Hassan Rohani é um clérigo de 63 anos e foi eleito com uma plataforma política moderada, ainda que de base conservadora. Ganhou o apoio da ala reformista da política e da sociedade iraniana, que apostou nele quando ficou claro que o seu candidato não teria bons resultados nas eleições que se realizaram na sexta-feira passada.

O Presidente iraniano, porém, não é o chefe de Estado, é o chefe de Governo. A economia é a sua principal prerrogativa. Já a política externa e de defesa é da alçada do líder espititual, o ayatollah Khamenei.
 
 
 

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