Presidente Morsi quer falar meia hora por dia com egípcios no Twitter

Apenas oito questões tiveram resposta no primeiro dia da iniciativa presidencial. Morsi pretende agora tornar a experiência numa rotina diária.

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O Presidente do Egipto tem sido acusado de impedir a liberdade de expressão Asmaa Waguih/Reuters

O Presidente do Egipto respondeu nesta quinta-feira a questões colocadas por jovens na sua conta oficial no Twitter. A iniciativa é inédita, mas Mohammed Morsi quer que se torne numa rotina diária depois de ter respondido às primeiras questões. Durante meia hora, entre as 21h e as 21h30 locais, Morsi diz estar disposto a esclarecer dúvidas dos cidadãos do país.

O alerta para a iniciativa foi deixado na quarta-feira num post publicado no Twitter de Morsi. Ficou o aviso de que o Presidente iria responder nesse mesmo dia à noite e na manhã de quinta-feira. Morsi respondeu apenas a oito questões e as mais incómodas ficaram sem resposta. Mas o chefe de Estado acedeu a reagir a comentários como os que questionavam a retirada das queixas apresentadas pela presidência contra jornalistas, acusados de publicarem notícias com rumores considerados infundados sobre a sua pessoa. Numa resposta, sem mais pormenores, Morsi disse ter decidido “deixar à opinião pública a opção de julgar ela própria os abusos” que terão sido cometidos por repórteres.

A iniciativa presidencial no Twitter segue-se a uma série de episódios polémicos que envolvem jornalistas e a detenção de activistas e do humorista Bassem Youssef, autor de O Programa, de sátira política. Bassem Youssef, conhecido como o Jon Stewart egípcio – pelas semelhanças do seu programa como o que é conduzido por Stewart e emitido em Portugal no cabo pela SIC Notícias –, foi interrogado durante várias horas no início do mês, sob as acusações de insulto ao islão e ao chefe de Estado, mas acabou por ser libertado sob caução.

Nesta quarta-feira, Morsi decidiu cancelar a investigação a um grupo de jornalistas acusados de criticarem a actuação do Presidente e de atentarem contra a religião islâmica. O recuo nestes casos sugere que Morsi quer passar a mensagem de que não se opõe à liberdade de expressão. Uma crítica que além de apontada internamente foi feita por países como os Estados Unidos.

O “encontro” entre os jovens egípcios e Morsi no Twitter segue-se ainda ao anúncio pelo primeiro-ministro, Hisham Qandil, de que o Governo se prepara para reformular 15 artigos da Constituição, um passo que muitos acreditam pretender tornar o Egipto um Estado islâmico.

O Egipto está sob pressão internacional para encontrar um consenso político, difícil de alcançar, desde a revolução que derrubou o ex-Presidente Hosni Mubarak. Além das questões políticas, o país enfrenta uma enorme crise financeira. Neste momento, estão a ser concluídas conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um empréstimo de 3700 milhões de euros.

 
 
 
 

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