O presidente da câmara de Kharkov foi gravemente ferido a tiro, e uma manifestação a favor da unidade da Ucrânia acabou com feridos, num dia cheio de episódios violentos no Leste do país.

Pelo menos dez pessoas ficaram feridas quando foram atacadas por homens vestidos com camuflados e armados com bastões, que tentatavam dispersar a manifestação de Donetsk, relatou uma activista ucraniana à Reuters.

Em Kharkov, Gennadi Kernes, presidente da câmara da segunda maior cidade da Ucrânia, foi atingido a tiro nas costas, quando circulava de bicicleta. “Os médicos estão a lutar para lhe salvar a vida”, disse a porta-voz do município, Tatiana Gruzinskaia, citada pela Interfax Ucrânia.

Kernes apoiou a ideia de um poder independente dos novos líderes de Kiev, mas terá recuado após ter sido acusado de separatismo, diz a Reuters. O autarca está a ser alvo de uma investigação judicial por suspeita de rapto e tortura mas mantém-se em funções. É acusado de, durante os três meses de protestos que levaram à queda do regime pró-russo de Ianukovich, em Fevereiro, ter respondido com repressão violenta à contestação. Chegou a fugir após a queda do ex-Presidente, mas depressa regressou.

Na cidade de Kostiantinivka, separatistas pró-russos tomaram o controlo da sede da polícia e do edifícios da administração. “São as exigências do costume, as mesmas de outras cidades, o cenário não muda: referendo e sistema de governo federal”, disse a porta-voz da administração regional de Donetsk, Ilia Suzdaliev.

Em Donetsk, 300 militantes pró-russos mascarados e armados de tacos de basebol atacaram durante a manhã uma agência do banco Privat  do milionário e governador Igor Kolomoiski, noticiou a AFP. “Kolomoiski fascista!”, “Kolomoiski inimigo do povo", gritavam. O milionário foi nomeado governador da vizinha região de Dnipropetrovsk, para tentar travar os ímpetos separatistas. 

Sete observadores internacionais permaneciam ao fim do dia detidos por pró-russos, que os sequestraram sexta-feira noutra cidade do Leste da Ucrânia, Slaviansk. No domingo foi libertado um oitavo, um sueco que sofre de diabetes. Nas mãos dos separatistas estão três alemães, um dinamarquês, um polaco e um checo que estavam na região em serviço para a OSCE (Organização para a Cooperação e Segurança na Europa).