Andrzej Duda é o novo Presidente da Polónia

Resultados da segunda volta das presidenciais podem ser antecipação das legislativas deste ano. O vencedor é nacionalista e eurocéptico.

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Andrzej Duda celebra a vitória com a filha e a mulher /WOJTEK RADWANSKI/AFP
A derrota de Komorowski parecia praticamente impossível há menos de um mês, quando liderava as sondagens com oito pontos de avanço
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A derrota de Komorowski parecia praticamente impossível há menos de um mês, quando liderava as sondagens com oito pontos de avanço Janek Skarzynski/AFP

O ainda Presidente da Polónia, Bronislaw Komorowski, admitiu a derrota na segunda volta das presidenciais na noite de domingo, poucas horas depois de terem fechado as urnas. Fê-lo frente aos resultados das sondagens à saída das urnas, e o resultado final deu-lhe apenas 48%, face aos 52% do mais conservador Andrzej Duda, do partido Lei e Justiça, próximo da Igreja Católica e menos pró-europeu.

Sob o Governo do Plafatorma Cívica, que chegou ao poder em 2007, a economia da Polónia cresceu 33%, ignorando em larga medida a crise na Europa – durante o mesmo período, a economia da União Europeia cresceu apenas 3,5%. Mesmo face a este crescimento económico, o Governo, liderado primeiro por Donald Tusk e agora por Ewa Kopacz, é criticado por ter aumentado a idade de reforma, mas também por não ter conseguido que a prosperidade económica no país se sentisse nos salários da classe média.

É um resultado surpreendente para Andrzej Duda, mas mais ainda para Bronislaw Komorowski que, apenas três dias antes da primeira volta, surgia com oito pontos percentuais de avanço sobreo candidato do Lei e Justiça. Komorowski, também conservador, mas europeísta e mais próximo do centro, foi Presidente durante cinco anos de franco crescimento económico da Polónia, período ao longo do qual o país se consolidou como a maior potência do Leste europeu.

Duda, um advogado de 43 anos (contra os 62 de Komorowski), deu um tom marcadamente nacionalista e eurocéptico a estas presidenciais. É contra a entrada da Polónia na Zona Euro e, ao longo da campanha, afirmou que o país não está a conseguir fazer valer os seus interesses no interior da União Europeia. Afirmou que não permitirá que a Polónia se torne num país de "classe B" na Europa, apontando para os milhões de polacos que emigraram para outros Estados europeus à procura de melhores salários.

A presidência de Andrzej Duda é um sinal de que a Polónia poderá afastar-se dos novos aliados no contexto europeu e voltar a atenção para o interior do país. Quando o Plataforma Cívica chegou ao poder, em 2007, a Polónia passou a ser um dos principais aliados da Alemanha. 

Antes destas eleições, Duda fora vice-ministro da Justiça no breve Governo de Jaroslaw Kaczynski. Jaroslaw, irmão gémeo de Lech Kaczynski (o Presidente polaco que morreu num desastre de aviação na Rússia, em 2010) é novamente candidato às eleições legislativas de Outubro. 

A derrota de Komorowski está a ser interpretada sobretudo como uma derrota do Plataforma Cívica e um factor de incerteza nas legislativas. Mostra pelo menos que os polacos querem ver caras novas na política.

O papel da Polónia na União Europeia foi ganhando importância ao longo dos últimos dez anos. Tanto assim foi que, no final de 2014, Donald Tusk, então primeiro-ministro, foi apontado para o cargo de Presidente da Conselho Europeu. 


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