Presidente da petrolífera Total morre em colisão num aeroporto de Moscovo

Jacto privado de Christophe de Margerie embateu contra um limpa-neves. Francês era um dos mais influentes líderes das grandes petrolíferas internacionais.

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Margarie era um dos grandes defensores do investimento europeu na Rússia Martin Bureu/AFP

O presidente executivo da petrolífera francesa Total, Christophe de Margerie, morreu segunda-feira à noite quando o jacto privado em que viajava colidiu com um veículo limpa-neves no aeroporto de Vnukovo, em Moscovo, no momento em que percorria a pista para a descolagem.

Além de Margerie, um dos rostos mais reconhecíveis entre os líderes das grandes petrolíferas internacionais, morreram no acidente três tripulantes do Falcon-50, todos de nacionalidade francesa. Uma fonte da investigação, citada pelo site da BBC, adianta que o condutor do limpa-neves estaria embriagado no momento em que se deu a colisão, pouco antes da meia-noite local (21h em Portugal continental).

Margerie estava na Rússia para um encontro sobre investimento estrangeiro organizado pelo Governo russo e horas antes do acidente fatal reuniu-se com o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, na sua residência oficial nos arredores de Moscovo, adiantou o jornal Vedomosti. O Presidente russo, Vladimir Putin, já enviou à petrolífera francesa as suas condolências e recordou o seu continuado empenho no desenvolvimento das relações bilaterais entre França e a Rússia”.

Na segunda-feira caiu em Moscovo o primeiro nevão deste Outono, mas as autoridades asseguram que no momento da colisão havia visibilidade a 350 metros. Na sequência da colisão, o jacto incendiou-se, mas o fogo foi rapidamente extinto e o aeroporto reabriu cerca de hora e meia depois. As caixas negras do avião foram retiradas e as autoridades russas abriram um inquérito criminal por violação das regras de segurança, tendo convidado Paris a enviar uma equipa de peritos para participar nas investigações.

Margarie era presidente executivo da Total desde 2007, acumulando três anos mais tarde o cargo de chairman. Entrou para a petrolífera, a terceira maior da Europa, logo após licenciar-se pela École Supérieure de Commerce de Paris, em 1974, e desempenhou sucessivos cargos de chefia na empresa, onde era conhecido pela alcunha de “o Grande Bigode”.

“É uma grande perda para a indústria e o futuro do sector”, disse à BBC o antigo presidente da Shell, John Hofmeister. Conhecido pela sua linguagem franca, defendeu os interesses da petrolífera à revelia das pressões políticas. Manteve os investimentos na Birmânia e no Irão quando os dois países estavam sob a apertada malha das sanções internacionais e criticava agora com o mesmo empenho as medidas aprovadas pela União Europeia contra a Rússia por causa da crise na Ucrânia.

“Vamos construir um novo Muro de Berlim?”, perguntou durante uma entrevista em Julho à Reuters, na qual insistia que a Europa não deveria preocupar-se em cortar a sua dependência do gás russo, mas em garantir que as entregas decorriam como previsto. “A Rússia é nossa parceira e não devemos perder tempo a proteger-nos dos nossos vizinhos”, afirmou então. A Total é actualmente um dos maiores investidores estrangeiros na Rússia e planeia duplicar o capital aplicado no país até ao final da década, adianta a BBC.

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