Presidente alemão apresenta a demissão

Suspensão da imunidade de Wulff foi requerida por procurador de Hanôver
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Suspensão da imunidade de Wulff foi requerida por procurador de Hanôver Foto: Odd Andersen/AFP
O Presidente alemão abandona a sala após anunciar a demissão
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O Presidente alemão abandona a sala após anunciar a demissão Foto: Fabrizio Bensch/Reuters
Christian Wulff e a sua mulher, Bettina, no momento em que foi anunciada a demissão
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Christian Wulff e a sua mulher, Bettina, no momento em que foi anunciada a demissão Foto: Fabrizio Bensch/Reuters
Angela Merkel fez depois uma curtíssima declaração
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Angela Merkel fez depois uma curtíssima declaração Foto: Barbara Sax/AFP

O Presidente alemão, Christian Wulff, acaba de apresentar a demissão do cargo, por causa do seu envolvimento num alegado caso de corrupção. Será substituído interinamente pelo presidente do Bundesrat, Horst Seehofer (CSU). A chanceler Angela Merkel cancelou em cima da hora uma viagem a Itália, e também convocou os media para uma conferência.

"Tendo em conta os acontecimentos dos últimos dias e das últimas semanas, não posso continuar a exercer o cargo", disse Wulff, numa conferência de imprensa transmitida em directo por todas as televisões alemãs. A Alemanha "precisa de um presidente que tenha a confiança de uma larga maioria e não só de uma maioria", acrescentou Wulff, que precisou de quatro minutos para anunciar a sua decisão. "Cometi erros", reconheceu ainda.

As agências alemãs avançam que na quinta-feira à noite a procuradoria de Hanôver pediu a suspensão da imunidade presidencial de Wulff, que tem estado sob pressão devido a suspeitas de corrupção. O episódio em causa prende-se com um empréstimo privado, contraído através da mulher de um empresário seu amigo, a taxas mais baixas do que aquelas praticadas pela banca. Wulff foi acusado de ter tentado abafar notícias sobre este caso que ocorreu quando era chefe do governo regional da Baixa Saxónia.

Wullf, de 52 anos, está sob fogo cerrado de críticas desde meados de Dezembro passado, com os media então a denunciarem o caso do crédito privado.

Novos escândalos foram entretanto emergindo, quase todas as semanas, e em meados de Janeiro, as autoridades fizeram buscas na residência do seu antigo porta-voz, o qual fora demitido a 22 de Dezembro, sob suspeita de corrupção em casos que remontam a 2007 e 2009 quando aquele assistia Wulff na Baixa Saxónia.

O Presidente rejeitou insistentemente todas as acusações e ainda no início do mês passado afirmava que não se demitiria. Consumada agora a sua saída, os parceiros de coligação CDU/CSU/FDP deverão reunir-se já neste fim-de-semana para tentarem encontrar um candidato que possa ser votado no Parlamento como substituto de Wulff. Até lá, será Horst Seehofer (CSU) a assumir o cargo, de forma interina.

Foi exactamente isso o que Angela Merkel anunciou, na sua curtíssima intervenção, sem direito a perguntas, feita às 11h30. A chanceler alemã não poupou elogios a Wulff – que foi o "seu" candidato ao cargo em 2010 – dizendo que lamentava a sua saída e que tinha ouvido o anúncio da demissão com "grande respeito". "[Wulff] bateu-se com energia por uma Alemanha moderna. (...) A sua demissão é a prova do respeito que tinha pelo cargo, mostra dignidade", acrescentou, concluindo com o anúncio de que vai encetar conversações com os parceiros de coligação CSU e FDP, e consultara o SPD e os Verdes no tinuito de encontrar um candidato de consenso para a sucessão na Presidência alemã.

Última actualização às 10h42:

acrescentadas declarações de Wulff, de Merkel e contexto sobre o caso que leva à demissão.

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