Polónia critica dependência alemã do gás russo

Primeiro-ministro polaco vai pedir a Merkel que tome acções para diminuir importações de gás da Rússia. Soberania europeia está ameaçada, afirma Tusk.

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Tusk e Merkel num encontro em 2007 John Macdougall/Reuters

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, alertou esta segunda-feira para os riscos que a dependência da Alemanha do gás russo pode ter para a soberania da Europa. Tusk considerou que a Europa não poderá “afastar atitudes agressivas potenciais da Rússia no futuro”, caso a dependência energética se mantenha.

Na quarta-feira, Tusk vai receber a chanceler alemã, Angela Merkel, e garantiu que lhe irá transmitir as suas preocupações. “Irei falar sobretudo da forma como a Alemanha poderá corrigir algumas acções económicas para que a dependência do gás russo não paralise a Europa quando precisa de adoptar uma postura decisiva”, afirmou Tusk, citado pela Reuters.

A questão energética ganha relevo numa altura em que a empresa estatal russa Gazprom ameaçou a Ucrânia de que poderá suspender as exportações de gás, caso o país não pague uma dívida de 1,89 mil milhões de dólares (1,36 mil milhões de euros). A Comissão Europeia já prometeu que pagará a conta, mas a crispação entre os dois países tem feito alimentar os receios de que se repita um cenário semelhante ao de 2009, por exemplo, e que afectou o fornecimento de gás em vários países do Centro e Leste da Europa.

Para Tusk, a dependência energética trata-se de “uma questão de futuro e de segurança da União Europeia”. “A dependência da Alemanha de gás russo pode limitar verdadeiramente a soberania da Europa”, afirmou Tusk.

Se não viesse mais gás russo para a União Europeia através da Ucrânia, 14% do consumo europeu seria afectado, segundo os números avançados pela agência Reuters. 

Por trás da declarações do primeiro-ministro polaco, que tem sido um dos principais interlocutores diplomáticos da Ucrânia, estão, no também, os intereresses energéticos do seu país. É na Polónia que se concentram as maiores reservas de gás de xisto do Leste europeu, uma fonte de gás natural que é vista como uma alternativa às importações.

Os países da Europa do Norte e do Centro, entre os quais a Alemanha e a Polónia, são os que importam mais gás da Rússia, enquanto na Europa Ocidental há menos dependência, segundo um estudo da Morgan Stanley.

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