Polícia turca prende autarcas e deputados curdos

Internet foi cortada no Sudeste do país, numa operação anti-terrorismo.

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Momenyo da prisão de Ayla Akat Ata, co-porta-voz do Congresso Livre das Mulheres DR

A polícia turca prendeu a presidente e o co-presidente da Câmara Municipal de Diyarbarkir, considerada a capital curda na Turquia. Gultan Kisanak e Firat Anli, eleitos pelo Partido Democrático do Povo (HDP, pró-curdo), foram detidos sob a acusação de ajudarem terroristas. As detenções aconteceram numa operação policial que inclui um corte de Internet e de comunicações no Sudeste do país, a região de maioria curda, onde as autoridades de Ancara levam a cabo desde o ano passado uma enorme operação antiterrorista que tem por alvo o PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Pelo menos uma deputada do HDP, Feleknaz Uca, antiga eurodeputada pelo Die Linke alemão, e Ayla Akat Ata, co-porta-voz do Congresso Livre das Mulheres - uma organização feminina relacionada com o PKK, um movimento que luta pela autonomia do Curdistão e é classificado como uma organização terrorista - também foram presas.

A presidente Gultan Kisanak, ex-deputada no Parlamento turco, de 55 anos, foi detida ainda no aeroporto, ao regressar a Diyarbakir, depois de prestar o seu depoimento na terça-feira numa comissão parlamentar em Ancara que está a investigar o golpe de Estado falhado na Turquia de 15 de Julho. Mas não é ainda claro se terá sido detida por causa do que disse na comissão Parlamentar.

O co-presidente Firat Anli - no Curdistão, e no HDP, pratica-se a paridade nas instituições, com as direcções partilhadas entre homens e mulheres, segundo a filosofia de Abdullah Öcalan, o dirigente do PKK preso desde 1999 - foi detido em sua casa. Ambos do HDP, que é o terceiro maior partido no Parlamento, são acusados de fazer discursos a favor da autonomia do Curdistão turco e de usar veículos municipais para transporter o corpo de militantes mortos e incitar protestos violentos, diz um comunicado do procurador local, citado pela Reuters.

Em Diyarbarkir, como muitos outros municípios na Turquia e, em especial, no Curdistão, o Estado turco nomeou administradores para fiscalizar a actividade dos presidentes da câmara.

À excepção de Kisanak, todas estas pessoas detidas encontraram-se na semana passada com uma missão de investigação das violações dos direitos humanos organizada pelo Movimento Europeu Anti-Racista (EGAM) e pela Rede de Parlamentares Elie Wiesel para a Prevenção de Genocídios, na qual o PÚBLICO participou.

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