Polícia proíbe protestos em Nova Deli mas não trava manifestações contra violência sexual

Jornalista morto pela polícia no nordeste do país num outro protesto contra uma agressão sexual.

Os protestos continuam em Nova Deli: "Enforquem os violadores"
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Os protestos continuam em Nova Deli: "Enforquem os violadores" Andrew Caballero-Reynolds/AFP
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A polícia voltou a utilizar canhões de água contra os manifestantes TENGKU BAHAR/AFP
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Milhares desafiaram a proibição da polícia Andrew Caballero-Reynolds/AFP
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"Vergonha de ser indiano" TENGKU BAHAR/AFP
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Os protestos prometem continuar Mansi Thapliyal/ REUTERS

A polícia indiana proibiu este domingo novas as manifestações no centro de Nova Deli, mas não conseguiu impedir que milhares de pessoas voltassem a protestar contra a violação em grupo de uma jovem estudante e contra a cultura de impunidade para os crimes sexuais na Índia.

A vítima, uma estudante de medicina de 23 anos, foi violada a bordo de um autocarro por seis homens há uma semana, antes de ser espancada com barras de ferro, o que lhe provocou graves lesões intestinais. Depois foi atirada para fora do autocarro juntamente com o amigo que a acompanhava.

Hospitalizada nos cuidados intensivos, a jovem mulher começou a melhorar este fim-de-semana. O suficiente para falar com as autoridades pela primeira vez. “Os seis homens violaram-me, um de cada vez”, disse à polícia, segundo o jornal Hindustan Times. “Depois atiraram-nos do autocarro para a berma da estrada e eu desmaiei.”

As suas declarações correspondem ao testemunho dado pelo seu amigo. Este deu mais pormenores: contou que o condutor do autocarro foi um dos violadores, passando o volante do autocarro a um passageiro, e que durante os mais de 90 minutos em que durou aquele horror, o autocarro não parou tendo mesmo passado por postos de controlo da polícia.<_o3a_p>

Os seis atacantes foram presos e continuam detidos. Segundo a polícia, os homens estavam bêbados na altura dos factos. Terão pegado num autocarro fora de serviço e abriram a porta para o casal entrar. Estes, acabados de sair do cinema, pensaram que estavam a entrar numa carreira regular.<_o3a_p>

O caso provocou uma vaga de indignação no país, onde as vítimas de violações e agressões sexuais raramente conseguem que a justiça condene os culpados.<_o3a_p>

Milhares de pessoas manifestaram-se nos últimos dias exigindo das autoridades mais segurança para as mulheres e um melhor trabalho da polícia e da justiça quando se trata de lidar com queixas de violação e agressão sexual.<_o3a_p>

Jornalista  morto em Imphal<_o3a_p>

Num incidente paralelo, um jornalista de 36 anos foi morto a tiro em Imphal (nordeste do país), durante uma manifestação de apoio a uma actriz vítima de violência sexual, depois de a polícia ter disparado contra os manifestantes.

A actriz, conhecida por Momoko, terá sido atacada nos bastidores de um teatro por um homem armado que a tentou violar, apesar da presença de vários seguranças. Ela debateu-se contra o atacante e conseguiu fugir.<_o3a_p>

Sábado e domingo o que mais se ouviu nos protestos em Nova Deli foi a exigência da pena de morte para os violadores. A prisão perpétua é actualmente a pena máxima para estes casos. Mas vários analistas dizem que alterar a legislação terá consequências em muito poucos casos, já que na maioria não é apresentada queixa, e quando é, muitos casos demoram entre 10 a 15 anos a chegar a tribunal, e a percentagem de condenações é de apenas 34,6%.<_o3a_p>

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