Polícia italiana desmantela célula terrorista que planeou atingir o Vaticano

Dez homens foram detidos e outros oito escaparam numa operação contra grupo ligado à Al-Qaeda que também se dedicaria ao tráfico humano.

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Terroristas terão discutido plano para atacar a Praça de São Pedro AFP/FILIPPO MONTEFORTE

A Justiça italiana anunciou o desmantelamento de uma célula terrorista ligada à Al-Qaeda e a detenção de dez indivíduos de nacionalidade afegã e paquistanesa, suspeitos de envolvimento numa conspiração (falhada) para um ataque-suicida no Vaticano, em 2010.

Segundo as autoridades, que realizaram raides de contra-terrorismo nas cidades italianas de Bergamo, no Norte do país, e de Cagliari, na ilha da Sardenha, outros oito suspeitos continuam a monte. A investigação arrancou já há oito anos, e esteve inicialmente ligada a um caso de imigração ilegal – nos últimos meses, a polícia italiana tem estado particularmente atenta à possível “infiltração” de jihadistas nos grupos de imigrantes que chegam ao país em balsas que navegam o Mediterrâneo.

Entre os 18 homens suspeitos encontra-se um líder religioso ligado às comunidades muçulmanas de Brescia e Bergamo, dois antigos guarda-costas de Osama Bin Laden e extremistas alegadamente envolvidos num atentado a um mercado de Peshawar, no Paquistão, que fez mais de cem mortos. Esse ataque terá sido planeado e financiado a partir de Olbia, na Sardenha.

O grupo, que constituiu uma célula terrorista para “uma grande jihad em Itália”, também se dedicou a outras actividades criminosas, nomeadamente imigração ilegal e possivelmente tráfico humano. A polícia disse que os suspeitos tratavam da entrada de paquistaneses e afegãos em Itália, através de contratos de trabalho fraudulentos, ou como candidatos a asilo. Alguns desses homens ficavam em Itália e outros eram enviados para outras cidades europeias.

O ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, elogiou os serviços de segurança por uma “operação extraordinária” que “a partir de uma única investigação de 2009 resultou no desmantelamento de uma rede de traficantes e de uma célula de terroristas”.

Numa conferência de imprensa em Cagliari, o procurador Mauro Mura revelou que os suspeitos conspiraram para a realização de vários ataques, nos países de origem e também em Itália. Uma operação gorada teria como alvo o Vaticano: as autoridades acreditam que um bombista-suicida viajou de propósito para se fazer explodir em plena praça de São Pedro.

Mario Carta, que dirigiu a investigação pelo lado da polícia, confirmou a existência de escutas telefónicas em que os suspeitos mencionam frequentemente a palavra “baba”, que segundo as autoridades é uma referência ao Papa. Também falavam na “luta armada contra o Ocidente”, informou – além das detenções, a polícia procedeu à apreensão de armamento.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, desvalorizou a ameaça terrorista. De acordo com as informações avançadas pela polícia, a “hipótese de ter existido um plano [para um ataque à bomba] em 2010, que nunca chegou a ocorrer, é prova de que não temos nenhuma razão para preocupações”. As autoridades não sabem por que razão foi abandonado o plano para atacar oVaticano, mas acreditam que o grupo pode ter desconfiado que estava na mira da polícia.

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