Polícia egípcia detém Azza Soliman, activista dos direitos das mulheres

Soliman é fundadora do Centro de Assistência Jurídica às Mulheres Egípcias. Já tinha sido impedida de sair do país e esta quarta-feira foi levada para uma esquadra no Cairo.

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Manifestação no Cairo a favor dos direitos das mulheres MOHAMED EL-SHAHED/AFP (Arquivo)

A polícia do Egipto deteve esta quarta-feira a destacada defensora dos direitos da mulher Azza Soliman, semanas depois de ter sido impedida de viajar para fora do país e de os seus bens terem sido congelados.

Soliman, fundadora do Centro de Assistência Jurídica às Mulheres Egípcias, foi uma das várias activistas, advogadas e jornalistas impedidas de sair do Egipto em Novembro.

A advogada disse à agência Reuters na semana passada que foi barrada no aeroporto do Cairo no dia 19 de Novembro. Pouco depois, Soliman descobriu que as suas contas e bens – pessoais e do grupo que fundou – tinham sido congelados.

“O juiz emitiu um mandado de captura em nome de Azza Soliman”, escreveu o Centro de Assistência Jurídica às Mulheres Egípcias na sua conta no Twitter, acrescentando que as forças de segurança foram à casa de Soliman e levaram-na para uma esquadra da polícia no Cairo.

O ministro do Interior não fez, até agora, qualquer comentário sobre o assunto, e o grupo fundado por Soliman não avançou mais pormenores. Não se sabe se a activista foi acusada de algum crime em particular, e se foi, que crime ou crimes são esses.

A detenção de Soliman surge numa altura em que vários activistas pelos direitos humanos no Egipto dizem estar a ser sujeitos à maior perseguição governamental de sempre, que tem como alvo organizações acusadas de fomentarem a desordem durante a revolta de 2011, que pôs fim aos 30 anos de regime de Hosni Mubarak.

Várias organizações não-governamentais, a maioria envolvidas em actividades de defesa dos direitos humanos, estão a ser investigadas e acusadas de receberem fundos do estrangeiro para fomentarem o caos no Egipto.

Em Setembro, um tribunal congelou os bens de cinco destacados activistas pelos direitos humanos e de três organizações não-governamentais, abrindo as portas a acusações criminais que podem terminar em condenações a prisão perpétua.

As ONG dizem que se sentem atacadas desde finais de 2011, quando as autoridades entraram nas instalações de 17 grupos pró-democracia e direitos humanos.

Em 2013, um tribunal ordenou o encerramento de vários grupos estrangeiros, incluindo a norte-americana Freedom House, e condenou a penas de prisão 43 funcionários de organizações não-governamentais.

Um processo que foi aberto contra dezenas de ONG egípcias e advogados nunca chegou a ser fechado, e este ano as diligências das autoridades voltaram em força. Também não é claro se a detenção de Soliman está relacionada com este caso.

Em Novembro, o Parlamento egípcio aprovou uma lei sobre as ONG, que estes grupos acusam de, na prática, impedir o seu trabalho. A lei proíbe os grupos egípcios e estrangeiros de se envolverem em actividades políticas ou em qualquer acção que prejudique a segurança nacional, a ordem pública, a moral pública ou a saúde pública – um meio, segundo os críticos, de amordaçar as diferenças de opinião.

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