Polícia do México liberta quase 500 crianças mantidas em cativeiro

Eram forçadas a pedir esmola, abusadas sexualmente e alimentadas com comida em estado de decomposição.

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Rosa del Carmen Verduzco é a fundadora da La Gran Familia YouTube

As autoridades mexicanas resgataram 462 crianças e jovens de um conceituado lar na cidade de Zamora, a cerca de 400 quilómetros da capital. O Ministério Público local acusa a fundadora e directora da instituição La Gran Familia, Rosa del Carmen Verduzco, de manter centenas de crianças em situação de escravatura e sujeitas a abusos sexuais.

A operação da polícia do estado de Michoacán, no sudoeste do país, foi lançada na sequência de "uma dezena de denúncias anónimas", revelaram o procurador Jesús Murillo e o governador Salvador Jara, em conferência de imprensa.

Os dois responsáveis do estado de Michoacán disseram que as autoridades encontraram "condições deploráveis" nas instalações da La Gran Familia, e acusaram Rosa del Carmen Verduzco – conhecida como "Mamá Rosa" – de explorar sexualmente vários menores.

Para além da responsável pela instituição, foram também interrogados oito funcionários, todos acusados de privação de liberdade, sendo que deverão seguir-se novas acusações à medida que forem sendo conhecidos mais pormenores.

Na comunicação que fizeram ao país, ao início da noite de terça-feira, as autoridades não descartaram a hipótese de envolvimento de grupos criminosos na exploração dos menores – há suspeitas de que os abusos eram cometidos desde a criação da La Gran Familia, há 40 anos, mas o facto de só agora o caso ter sido denunciado aponta para a existência de uma rede que levava as vítimas a manterem-se em silêncio.

Para além das 462 crianças e jovens, entre as quais seis bebés, foram também libertados 134 adultos. As idades das centenas de pessoas mantidas em cativeiro variavam entre os poucos meses e os 40 anos de idade.

De acordo com a acusação, muitos deles eram vítimas de abusos sexuais e maus-tratos psicológicos, eram forçados a pedir esmola, dormiam no chão e eram alimentados com comida em estado de decomposição.

Na conferência de imprensa, o procurador Jesús Murillo e o governador Salvador Jara contaram o caso de uma mulher que disse ter pedido para sair do abrigo quando cumpriu 18 anos de idade. A fundadora da La Gran Familia não só negou o pedido, como lhe retirou os dois filhos (que nasceram na instituição e também nunca tinham saído das instalações) e a manteve em cativeiro mais 13 anos – até à operação de terça-feira, realizada por agentes da polícia com a ajuda do Exército.

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