Polícia angolana nega envolvimento na morte de dirigentes da UNITA

Partido da oposição denunciou motivações políticas em casos de violência ocorridos no fim-de-semana.

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Polícia considera acusações da UNITA "gratuitas" Amr Abdallah Dalsh/Reuters-arquivo

A Polícia Nacional de Angola refutou as acusações da UNITA, principal força da oposição, de que estaria envolvida na morte de dois dirigentes locais do partido, no fim-de-semana, no município de Cacuaco, Luanda.

Num comunicado citado pela agência Angop, a Polícia Nacional considera as acusações da UNITA ( União Nacional para a Independência Total de Angola) “gratuitas”, rejeita-as e admite levar o caso à Justiça.

O segundo comandante-geral, Paulo Almeida, também se pronunciou. Disse que a corporação está a investigar a autoria e motivações dos assassinos dos dois dirigentes – António Zola Kamuku, secretário comunal do Kikolo, e Filipe Sachova Chakussanga, inspector municipal do partido no Cacuaco – e desligou os casos das motivações políticas que lhes são atribuídas pela UNITA. Refutou também o envolvimento de agentes.

“Até ao momento não temos razões para atribuir estes crimes a alguma motivação que não seja passional, ajustes de contas ou de carácter social”, disse, citado pela Angop. “A UNITA sempre acusou terceiros por qualquer morte, até por doença, de modo que isso não soa a estranho. Morreram, talvez, por qualquer situação delituosa que ocorreu, mas não tem nada a ver com a acção da Polícia Nacional.”

O comité permanente do partido acusou na segunda-feira unidades da Polícia Nacional de terem assassinado “friamente as duas vítimas, nas suas residências”. O secretário municipal da UNITA em Cacuaco, Pedro Panela, foi mais longe: numa declaração publicada no site do partido afirma que os dois dirigentes foram assassinados em retaliação pela morte de três polícias, na mesma noite, e que a acção foi “orientada superiormente por razões político-partidárias”. Negou ainda qualquer responsabilidade do partido na morte dos agentes.

De sábado para domingo, no período de uma hora, ocorreram no município de Cacuaco dois episódios de violência: três agentes da Polícia Nacional foram assassinados, no bairro do Paraíso, por  pessoas não identificados, que fugiram; e foram mortos os dois elementos da UNITA em Kikolo.  O principal partido da oposição em Angola relacionou imediatamente os casos entre si. Já nesta quarta-feira foi noticiada pela Angop um comunicado do Governo da Província de Luanda em que é condenada a morte dos polícias.

Na segunda-feira, embora não tenha sido estabelecida relação entre os factos, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, exonerou, por “conveniência de serviço”,  a comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, comissária-chefe Elizabeth Ranque Franque.

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