Petróleo é cada vez mais uma miragem

Estado arrecadou mais de 70 milhões de dólares de “bónus de assinatura” de contratos, mas não foi ainda extraído um único barril.

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O país teve durante décadas no cacau a sua maior riqueza Daniel Rocha

Com cerca de mil quilómetros quadrados e uma população estimada em 190 mil pessoas – mais de 60% com menos de 25 anos – São Tomé e Príncipe tem visto adiadas, umas atrás das outras, as perspectivas de desenvolvimento.

As esperanças centraram-se nos últimos anos no petróleo que é, cada vez mais, uma miragem, depois de as grandes empresas do sector, caso da Total, se terem desinteressado da prospecção, por não ter sido encontrado petróleo em quantidades comercialmente viáveis. O Estado santomense arrecadou mais de 70 milhões de dólares de “bónus de assinatura” de contratos, mas não foi ainda extraído um único barril e as expectativas de exploração tardam em confirmar-se.

O país teve durante décadas no cacau a sua maior riqueza, mas a produção foi decaindo para valores que nos últimos anos ficaram abaixo das três mil toneladas anuais, sensivelmente um quarto dos valores anteriores à independência, quando já eram uma sombra dos valores do início do século XX. Cacau e café representam, ainda assim, mais de 80% do total das exportações.

No turismo, outra das apostas persistentes no discurso político, a meta traçada em 2001, de 25 mil turistas anuais em 2010, ficou-se pelos 12 mil.

Os dois últimos primeiros-ministros declararam ambos que o futuro pode passar pelos serviços. “O terciário é que vai ter impacto na nossa economia”, disse Gabriel Costa no ano passado ao PÚBLICO. “É consensual que São Tomé e Príncipe deve ser uma zona de prestação de serviços”, afirmou Patrice Trovoada, em recente entrevista à Lusa, na qual defendeu que o país se tem condições para se tornar um “um pequeno Dubai” – uma afirmação feita à entrada da campanha e comentada com cepticismo em São Tomé, por quem se cansou de ver as perspectivas de desenvolvimento adiadas.

 

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