Peter e David casaram-se e fizeram história em Inglaterra

Lei que autoriza uniões entre pessoas do mesmo sexo já vigora no país. David Cameron fala em “momento muito importante”.

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Peter McGraith e David Cabreza estiveram entre os primeiros casais a dar o nó Olivia Harris/Reuters

Peter e David foram um dos primeiros casais gay a dar o nó em Inglaterra, simbolizando a entrada em vigor da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Passavam poucos minutos da meia-noite quando Peter McGraith e David Cabreza puderam formalizar uma relação que dura há 17 anos.

De fato escuro, laço cinzento e flor vermelha na lapela, o casal sorriu ao ouvir as palavras que encerraram a cerimónia: “É uma alegria anunciar que são agora legalmente um casal.” Na sala onde a cerimónia se realizou, em Londres, ouviram-se aplausos e gritos de alegria, que se repetiram à saída, onde dezenas de activistas, fotógrafos e curiosos esperavam o casal.

O activista Peter Tatchell, uma das testemunhas do casamento de Peter e David, destacou, citado pela Reuters, que o casal “fez história” e ajudou a contribuir para que o Reino Unido “se torne um país mais tolerante e igual”.

Desde a meia-noite deste sábado que está em vigor a lei que permite o casamento homossexual em Inglaterra e no País de Gales. Desde 2005, estes casais já tinham os mesmo direitos legais que são conferidos pelo casamento, mas o passo agora dado é encarado como “histórico” pelos activistas citados nas agências de notícias internacionais.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, classificou a entrada em vigor da lei como um “momento muito importante para o país” e destacou a mensagem de igualdade que esta mudança promove. “No Reino Unido já não terá importância ser hetero ou homossexual. O Estado reconhece a relação da mesma forma”, destacou o líder do Partido Conservador, onde teve de enfrentar a oposição dos grupos mais ligados à Igreja.

Também Nick Clegg, o número dois do Governo e líder do Partido Liberal, considerou que a nova lei permite “celebrar o amor, seja homo ou heterossexual”.

A lei que agora entrou em vigor teve a forte oposição da Igreja anglicana, que, nas suas orientações aprovadas no mês passado, proíbe os padres de celebrar casamentos entre gays e lésbicas ou de dar a bênção às cerimónias realizadas pelos registos civis de cada localidade. Mas o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, a autoridade máxima da Igreja anglicana, disse na semana passada que não faria campanha contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Em Maio do ano passado, a Câmara dos Comuns aprovou, em votação final, o casamento entre pessoas do mesmo sexo (366 votos a favor e 161 contra). O diploma, que foi contestado pela ala mais à direita dos conservadores, seguiu depois para a Câmara dos Lordes e foi também aprovado. O processo implicou que regressasse novamente à Câmara dos Comuns, tendo o consentimento final sido dado em Julho do ano passado, pela rainha, enquanto chefe de Estado.

O processo que levou à aprovação da lei não foi isento de polémica. Quando o Parlamento aprovou o diploma que autorizava o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o antigo presidente do partido conservador Norman Tebbit fez questão de frisar que tal tornaria possível que o Reino Unido tivesse, no futuro, “uma rainha lésbica que decida casar-se com outra mulher e um herdeiro fruto de uma inseminação artificial”.

O número de países que legalizou o casamento homossexual tem vindo a aumentar desde que a Holanda deu o primeiro passo, em 2000. De acordo com a recolha feita pela Reuters, 17 países estão actualmente nessa lista.

França legalizou a união entre casais do mesmo sexo no ano passado, a Escócia aprovou uma lei semelhante em Fevereiro e, neste caso, os primeiros casais homossexuais esperam casar-se em Outubro. Portugal deu um passo semelhante em 2010.

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