Partido de Berlusconi ameaça fazer cair Governo italiano

Senado começa a discutir segunda-feira a expulsão do Cavaliere depois da condenação deste em tribunal

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Berlusconi joga mais uma vez a carta do medo da instabilidade APF

Silvio Berlusconi está pessimista e convence-se, a cada dia que passa, que o Senado italiano aprovará a sua expulsão; a discussão começa na segunda-feira.

Por isso, começou a jogar, pela última vez, a carta do medo da instabilidade. Os senadores e deputados do seu partido, o Povo da Liberdade (centro-direita), reuniram-se esta quinta-feira para discutir a estratégia a adoptar e concluíram que se o líder for expulso, o Governo cai.

“É claro que cai”, disse aos jornalistas o senador Altero Matteoli no final da reunião da cúpula do PdL.

O Supremo Tribunal confirmou, há cerca de um mês, a sentença de prisão do antigo primeiro-ministro por fraude fiscal das suas empresas de media e interdição de ter cargos públicos. É senador vitalício e, por isso, só o Senado pode confirmar a decisão do tribunal.

Berlusconi é imprevisível e não há quem saiba se o risco de queda do Governo é ou não real. Nos bastidores, relata a Reuters a partir de Roma, os advogados de Berlusconi e do PdL trabalham em alternativas à expulsão: um perdão do Presidente Giorgio Napolitano, a declaração de inconstitucionalidade da decisão dos juízes que condenaram o antigo-primeiro-ministro, o adiamento, por um prazo alargado, da votação no Senado. O PdL defende que a lei de 2012 que impede os políticos condenados a mais de dois anos de prisão — caso de Berlusconi, que só tem um ano de pena efectiva porque beneficiou de uma amnistia — de exercerem cargos públicos não se aplica porque os crimes foram cometidos antes da aprovação da legislação.

Há um mês que o Governo de coligação de Enrico Letta está debaixo das ameaças do PdL, com Berlusconi a dizer que não fará cair a equipa e, no momento seguinte, o contrário, mostrando aos italianos que ainda prende nas mãos o equilíbrio de Itália.

A coligação de centro-esquerda foi formada em Abril após o impasse que sucedeu às eleições legislativas de Março.

“Sempre foi difícil imaginar a cooperação entre partidos que têm posições diferentes em tantas matérias”, disse à SkyTG24 o vice-presidente do Senado, Maurizio Gasparri, um homem de Berlusconi, já preparando o caminho para o cenário de nova crise política.

Gasparri disse que o centro-direita não pode continuar a apoiar Letta se a comissão especial do Senado sobre elegibilidade parlamentar se tornar “um pelotão de fuzilamento político” para Silvio Berlusconi.

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