Partido anti-imigração entra no Governo norueguês

O Partido Conservador norueguês, de centro-direita, vai formar um Governo de coligação com o Partido do Progresso, conhecido pelas suas posições anti-imigração.

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Erna Solberg e Siv Jensen Lise Aserud/NTB Scanpix/Reuters

Depois de ver recusado o seu plano de uma coligação com dois pequenos partidos do centro-direita – os liberais e os democratas cristãos –, a líder dos conservadores noruegueses, Erna Solberg, aceitou formar um Governo minoritário com o Partido do Progresso, do qual fazia parte Anders Breivik, responsável pelo atentado de Oslo e de Utoya, em 2011.

“Esta foi a segunda melhor opção”, sublinhou ontem Solberg, em conferência de imprensa. A líder dos conservadores diz ter garantido um compromisso para futuros acordos parlamentares com os restantes partidos de direita.

Os dois partidos acordaram numa restrição das leis de asilo, no cumprimento da regra da ortodoxia orçamental e na limitação da exploração de novos poços petrolíferos, de acordo com a AFP. O novo Governo deverá tomar posse em meados de Outubro.

O novo regime para a imigração fixa a idade mínima de 24 anos para que um imigrante que viva no país possa estabelecer família com um cidadão estrangeiro. Está prevista igualmente uma maior diferenciação entre os pedidos de asilo, o que acaba por ser, segundo o The Guardian, uma forma de facilitar a deportação. As alterações não são extensíveis aos imigrantes provenientes de Estados-membros da UE.

Na área orçamental, a nova coligação compromete-se a obedecer à regra orçamental que limita estritamente as possibilidades de recorrer ao imenso fundo soberano do país, alimentado pelos lucros do petróleo.

Os dois partidos acordaram, finalmente, na proibição da exploração de novos poços petrolíferos nas ilhas Lofoten, no Árctico, que, de acordo com estimativas da Reuters, têm potencial para fornecer 1,3 mil milhões de barris de petróleo e equivalentes. Outra das ilhas alvo das novas restrições, Jan Mayen, poderia produzir cerca de 556 milhões de barris.

O lobby da indústria petrolífera já fez saber do seu desagrado em relação aos planos do novo Governo, considerando a decisão “desapontante e antidemocrática”, escreve a Reuters.

Esta será a primeira participação do Partido do Progresso, populista e xenófobo, no Governo, considerado, desde a sua criação, em 1973, como demasiado extremista pelas restantes formações políticas. Apesar de ter adoptado uma postura menos radical nos últimos anos, o partido liderado por Siv Jensen ainda é abertamente contra aquilo que denomina de “assustadora islamização” da Noruega.

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