Papa está na Turquia para promover diálogo religioso

Líder católico deverá reafirmar necessidade de uma “solução regional e global” para a paz no Médio-Oriente e não de uma acção "unilateral imposta pela força”.

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Francisco foi recebido com guarda de honra à chegada a Ancara FILIPPO MONTEFORTE/AFP

O Papa Francisco iniciou nesta sexta-feira uma visita de três dias à Turquia, que deverá ser marcada por apelos ao diálogo religioso, à protecção dos cristãos ameaçados pelo jihadismo e às questões humanitárias. O chefe da Igreja Católica foi recebido no aeroporto de Ancara pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Mehmet Cavusoglu.

É a quarta visita de um Papa à Turquia. Para esta sexta-feira estão previstos encontros em Ancara com o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, e com o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu. No programa, de que consta uma visita ao museu Ataturk, fundador da moderna Turquia laica, está também agendado um encontro com a liderança da maioria religiosa muçulmana do país, que tem em Mehmet Gormez o seu principal dirigente.

No sábado e no domingo Francisco estará em Istambul, para encontros com o Patriarca Bartolomeu, líder de cerca de 300 milhões de cristãos ortodoxos. O programa do fim-de-semana inclui uma visita à antiga basílica bizantina de Santa Sofia, hoje museu, e à Mesquita Azul – onde Bento XVI rezou em 2006. Estão previstas cerimónias religiosas na Catedral Católica do Espírito Santo e na Igreja Patriarcal de São Jorge.

Segundo a agência I.Media, especializada em assuntos do Vaticano, Francisco deverá igualmente encontrar-se com refugiados iraquianos e sírios.

O diário Hürriyet escreveu que Erdogan, oriundo de um partido conservador de inspiração islâmica, tenciona denunciar ao Papa o aumento da islamofobia motivada pela actuação do auto-proclamado Estado Islâmico (EI) e dizer-lhe que “o mundo cristão tem igualmente a sua quota-parte de responsabilidade na emergência de organizações como o EI e a Al-Qaeda”.

O Papa deverá, no decorrer da visita, reafirmar a necessidade de uma “solução regional e global” para a paz no Médio-Oriente e não de uma “solução unilateral imposta pela força”, disse o número dois da Santa Sé, o secretário de Estado Pietro Parolin, à CTV, a televisão do Vaticano. E também denunciar os “apoios” políticos e económicos que “o EI continua a receber”.

A maior parte dos cerca de 80 milhões de habitantes do país, oficialmente laico, são muçulmanos. O número de cristãos está calculado em cerca de 120 mil. A Turquia acolhe um número de refugiados sírios, que ronda os 1,6 milhões de pessoas.

O reforço dos laços com líderes muçulmanos, a condenação da violência contra cristãos e outras minorias, e do extremismo, estão na agenda do Papa, segundo fontes oficiais. O Papa já classificou a actual perseguição de cristãos na região como “a pior” desde os primeiros tempos do cristianismo.

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