Papa compreende os jovens desiludidos com políticos e maus padres

Posta em causa capacidade brasileira para receber grandes eventos.

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Papa fala aos jovens na cerimónia de Via Sacra AFP
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Via Sacra reflecte a paixão e morte de Jesus AFP
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Organização da visita papal tem sido muito criticada Reuters
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Milhares de jovens juntaram-se no Rio de Janeiro AFP
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Peregrinos juntam-se para ouvir o Papa Reuters
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Jovens católicos acorreram de todo o mundo Reuters
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Devido ao mau tempo o encontro decorre em Copacabana AFP

Francisco compreende e dá o seu apoio moral aos "numerosos" jovens que não confiam nas instituições políticas e perderam a sua fér devido a escândalos como o da pedofilia que surgiu no seio da Igreja Católica.

Jesus “se une aos numerosos jovens que não confiam nas instituições políticas, porque vêem egoísmo e corrupção”, uma alusão a todos os que, em todas as latitudes, estão desgostosos com a classe política e com as suas falsas promessas. Mas as críticas não vão só para a sociedade. Francisco disse também que se une aos que "perderam a fé na Igreja, e mesmo em Deus, devido à incoerência dos cristãos e dos ministros do Evangelho”.

Estas declarações surgiram, ao final do dia de sexta-feira, depois da encenação da Via Sacra – uma cerimónia que para os católicos descreve a paixão e morte de Jesus –, levada a cabo na 28.ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorreu na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, Brasil, com a presença de centenas de milhares de pessoas.

O Papa pediu “coragem” e garantiu aos jovens que o Cristo, com a cruz, percorre as nossas estradas para tomar os nossos medos, os nossos problemas, mesmo os mais profundos”. “Com a cruz, Jesus junta-se ao silêncio das vítimas da violência que não podem gritar, sobretudo aos inocentes e àqueles que estão desamparados”, referiu, acrescentando: “Jesus une-se às famílias que estão em dificuldades, que choram a morte dos seus filhos ou que sofrem, vendo-os presos em paraísos artificiais, como a droga”.

“Jesus une-se também a todas as pessoas que sofrem de fome num mundo que a cada dia joga no lixo toneladas de comida”, afirmou. Com a cruz, acrescentou, “Jesus une-se àqueles que são perseguidos pela sua religião, pelas suas ideias, ou simplesmente pela cor da sua pele”.

Francisco fez a menção de que o primeiro nome do Brasil foi “Terra de Santa Cruz” e também falou sobre o sofrimento, como o que surgiu com os mais de 200 mortos em Janeiro numa discoteca brasileira, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, orando pelas vítimas e suas famílias.

Este sábado, o Papa estará com os bispos e outros religiosos na catedral de São Sebastião, para celebrar missa solene, às 9h30, e deverá almoçar com cardeais, bispos e outros consagrados brasileiros. De seguida, às 11h30, estará com a classe dirigente brasileira, políticos, empresários, artistas e outros, num encontro no teatro municipal do Rio – no início da sua visita ao Brasil, na segunda-feira, Francisco apelou a um diálogo "entre amigos" com o mundo político. Só ao fim da tarde, às 19h30, o Papa regressará a Copacabana para estar novamente com os jovens, desta vez, numa vigília de oração.

Críticas à organização
Na sexta-feira, pela manhã, Francisco confessou cinco jovens – três brasileiros, um italiano e um venezuelano – na Quinta da Boa Vista, num evento privado. O Papa falou  da importância dos avós no seio da família para a transmissão da fé e dos valores aos mais jovens, antes de rezar a oração do Angelus Domini e abençoar os fiéis, no Palácio Arquiepiscopal São Joaquim – sexta-feira celebrou-se o Dia dos Avós.

O dia terminou em Copacabana com a Via Sacra. A organização desta celebração revelou-se como mais uma prova de que o Brasil poderá ter dificuldades em receber grandes eventos. Desde que o Papa chegou ao Brasil que a organização tem sido muito criticada. Logo no dia da sua chegada, Francisco circulou por ruas que não estavam fechadas ao trânsito. Também os peregrinos, a organização refere que estarão no Rio de Janeiro entre um milhão a um milhão e meio de pessoas oriundas de todas as partes do mundo, se queixam da falta de transportes e de outras condições.

Na sexta-feira, depois da Via Sacra, os peregrinos enfrentaram filas de três horas para conseguirem sair do espaço onde se encontraram com o Papa e entrar nas estações de metro. Segundo a imprensa brasileira, as filas ocupavam várias quarteirões e voluntários fizeram cordões humanos para que ninguém furasse a fila.

Em conferência de imprensa, na sexta-feita, o prefeito do Rio de Janeiro assumiu a responsabilidade pelas falhas na organização da JMJ. Inicialmente, o espaço que receberia os peregrinos situava-se em Guaratiba, na zona oeste da cidade, mas devido ao mau tempo que transformou aquele local num mar de lama, o espaço escolhido foi Copacabana, na zona sul.

As manifestações, como a de sexta-feira à noite, que conseguiu entrar no espaço destinado à JMJ, põem também em causa a organização e a segurança destes eventos. Recorde-se que o Brasil prepara-se para receber o Campeonato do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016.

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