Obama: Intervenção russa é "clara violação da soberania da Ucrânia"

Ocidente preocupado com possível conflito na Ucrânia. Obama apelou à via pacífica e Putin garantiu que se a violência persistir, Moscovo "reserva o direito de proteger os cidadãos russos".

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Obama disse, ainda antes dos desenvolvimentos deste sábado, que poderia faltar à próxima reunião do G8 Jonathan Ernst/Reuters

Durante uma conversa telefónica com Vladimir Putin, Barack Obama afirmou que a intervenção na Ucrânia é "uma clara violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia" e lembrou que constitui "uma quebra do direito internacional". O Presidente dos EUA pediu uma "diminuição das tensões" através do regresso das forças militares às bases na Crimeia e garantiu que reconhece "os laços culturais e históricos profundos" que ligam os dois países.

"Se a Rússia tem preocupações acerca do tratamento das etnias russas e das populações de minorias na Ucrânia, a forma apropriada para as resolver é pacificamente", disse Obama ao Presidente russo, segundo uma nota da Casa Branca.

Putin alertou para "as acções provocatórias e criminosas dos ultra-nacionalistas, encorajadas pelas actuais autoridades em Kiev", e afirmou que "existem ameaças reais à vida e integridade física dos cidadãos e compatriotas russos no território ucraniano". "Se a violência se espalhar nas regiões do Leste da Ucrânia e na Crimeia, a Rússia reserva o direito de proteger a vida dos falantes de russo", afirmou Putin, de acordo com o Kremlin.

Já depois de conhecido o pedido para envio de tropas para a Ucrânia feito ao Parlamento russo pelo Presidente, Vladimir Putin, o Reino Unido pediu uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a segunda em dois dias, a realizar na noite de sábado. E os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia marcaram encontro para segunda-feira em Bruxelas. Citado pela agência ucraniana Interfax, Andry Deschitsia, ministro interino dos Negócios Estrangeiros do novo poder em Kiev, anunciou na tarde deste sábado que também a NATO, Aliança Atlântica, marcou uma reunião especial sobre a Ucrânia para segunda-feira.

Na noite de sexta-feira, dia em que a Rússia confirmou a acção militar na Crimeia, Obama manifestara-se “profundamente inquieto” e declarou que “qualquer violação da integridade territorial e soberania da Ucrânia seria profundamente desestabilizadora, e representaria uma séria interferência em matérias que devem ser decididas pela população ucraniana”. O Presidente dos Estados Unidos disse que as acções militares russas comportam um risco de desestabilização regional que mereceria “a condenação da comunidade internacional”.

Obama reuniu durante a tarde de sábado com a sua equipa de segurança nacional para avaliar as opções disponíveis para resolver a crise na Ucrânia, segundo uma responsável da Casa Branca, citada pela AFP. O secretário de Estado da Defesa, Chuck Hagel, esteve em contacto com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov.

“Inquietação” foi uma palavra repetida por outros líderes ocidentais, caso da chanceler alemã, Angela Merkel, segundo a qual “tudo deve ser feito para preservar a integridade territorial” da Ucrânia. A chefe do governo de Berlim confirmou que tanto ela como “muitos outros” dirigentes ocidentais têm estado em contacto com Putin e com os novos responsáveis do governo de Kiev.

Também o Reino Unido e a França e manifestaram a sua preocupação. O chefe da diplomacia britânica, William Hague – que tem prevista para este domingo uma deslocação à Ucrânia para contactos com a nova liderança – disse que a autorização do Parlamento russo para uma acção militar é “uma ameaça potencialmente grave para a soberania da Ucrânia”.

Antes disso, no seu Twitter, Hague revelou ter falado com o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, sobre a necessidade e acção diplomática internacional, e com o minisrro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, apelando a uma redução da tensão e ao respeito pela soberania ucraniana.

Numa declaração citada pela Reuters, Steinmeier referiu-se à situação como perigosa e pediu à Rússia para clarificar as suas intenções. “Quem agora puser mais petróleo no fogo, com palavras ou acções, está conscientemente à procura de uma escalada na situação”, disse. O ministro alemão sublinhou também a necessidade de uma posição comum da União Europeia sobre o problema ucraniano. A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, pediu à Rússia para renunciar ao envio de tropas e anunciou que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 vão reunir-se na segunda-feira para discutir a situação na Ucrânia.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu que "os desafios da Crimeia devem ser abordados num quadro de respeito da unidade e soberania ucranianas". 

O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, sublinharam igualmente, por palavras mais ou menos iguais, a necessidade de “tudo fazer para que a integridade territorial do país seja totalmente respeitada”. Na mesma linha, o secretário-gerla da NATO, Anders Fogh  Rasmussen, escreveu no Twitter que “a Rússia deve respeitar a soberania, integridade territorial e as fronteiras da Ucrânia”.

Outra das reacções veio do ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Carl Bildt, que no seu Twitter classificou a intervenção russa na Ucrânia como “claramente contra a lei internacional e os princípios da segurança europeia”. 

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