"Os privilégios levam à corrupção e ao narcotráfico", disse o Papa no México

No primeiro de cinco dias de viagem, Francisco enunciou os grandes temas da mensagem que leva a este país: o respeito pelos povos indígenas e o combate à violência, ao narcotráfico e à desigualdade social.

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Francisco visita o estado de Chiapas segunda-feira Edgard Garrido/Reuters

O Papa Francisco pediu este sábado aos dirigentes mexicanos que garantam uma "justiça real e uma segurança efectiva" neste país afectado por uma violência endémica, e pediu o abandono dos "privilégios" que, disse, levam "à corrupção e ao narcotráfico".  

No início da visita a este grande país católico do continente americano, na Cidade do México, Francisco foi recebido triunfalmente por milhares de fiéis e por uma orquestra de mariachi. O Papa, de 79 anos, mostrou-se em boa forma e de bom humor.

Apesar de os seus antecessores, João Paulo II e Bento XVI, terem visitado o México, foi a primeira vez que um Papa foi recebido no Palácio Nacional – pelo Presidente Enrique Peña Nieto –, uma estreia simbólica num país que só restabeleceu relações diplomáticas com o Vaticano em 1992. Peña Nieto pertence ao Partido Revolucionário Institucional,  que dominou a vida política mexicana durante 75 anos e cuja origem é anticlerical.

O Papa pediu à classe política reunida no palácio para garantir "justiça real" e "segurança efectiva" aos cidadãos. O país está mergulhado em violência e ainda na semana passada 49 reclusos morreram numa revolta na prisão de Monterrey. Também lhes pediu para abandonarem os seus privilégios.

"De cada vez que optamos pela via do privilégio e dos benefícios para nós próprios, mais cedo ou mais tarde a sociedade torna-se num terreno fértil para a corrupção, o tráfico de droga, a exclusão das diferentes culturas, a violência, o tráfico de seres humanos, a morte", disse Francisco aos políticos. "A amplitude do fenómeno [do narcotráfico], a complexidade das suas causas, a imensidão da sua extensão que devora como metásteses, a gravidade da violência (...) não nos permite, a nós pastores da Igreja, refugiar-nos  atrás de simples denúncias, exige-nos uma coragem profética", disse aos padres mexicanos.

Jorge Bergoglio elogiou a "cultura mestiça", a "biodiversidade" e a "multiculturalidade" do México temas caros a um Papa que defende o ambiente e a riqueza das culturas indígenas.

O Papa iria celebrar missa na Basílica de Guadalupe. "O encontro do Papa com a Virgem de Guadalupe vais ser monumental. É um grande devoto da Virgem de Guadalupe, que não é só rainha no México, é uma imperatriz na América", disse à AFP Andrew Chesnut, professor de estudos religiosos na Universidade Virginia Commonwealth, nos Estados Unidos.

No domingo, Francisco passa o dia na Cidade do México. Na segunda-feira visita o estado de Chiapas, onde deverá reforçar a sua mensagem sobre os direitos dos povos indígenas. Segue-se nesta visita longa, de cinco dias, Juaréz, território marcado pelo narcotráfico e a violência.

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