Oposição venezuelana apela à mediação do Vaticano no diálogo com Governo

A Mesa da Unidade Democrática considera essencial a participação da Santa Sé no diálogo com o Governo venezuelano.

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Carlos Garcia Rawlins/Reuters

A oposição venezuelana apelou ao Vaticano que se junte a uma mediação internacional para um diálogo com o Governo, dizendo que a realização de um referendo revogatório contra o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não é negociável.

“É necessário ampliar a mediação. Achamos que é fundamental a participação de um representante da Santa Sé e a implicação de mais ex-presidentes”, declarou quinta-feira à noite, num comunicado, a Mesa da Unidade Democrática (MUD, de centro-direita).

A coligação, com maioria no Parlamento, disse estar disposta a participar numa primeira reunião, já na próxima terça-feira, se obtiver uma resposta favorável a este pedido e com a condição de garantia da realização do referendo.

Recusou-se também a que o encontro seja realizado na República Dominicana, como foi proposto pelo Presidente Maduro num novo apelo a um diálogo “sem condições”.

A comissão que promove actualmente o diálogo, a pedido da União de Nações Sul-americanas (Unasur), é composta pelo antigo chefe do governo espanhol José Luis Rodriguez Zapatero e os ex-presidentes dominicano, Leonel Fernandez, e panamiano, Martin Torrijos.

O presidente da conferência episcopal venezuelana, Diego Padron, afirmou que o governo de Maduro não tinha “autoridade moral para apelar ao diálogo e à paz”, oferecendo os “bons serviços” da Igreja para promover uma discussão.

A MUD sugeriu ainda a presença durante as conversações de delegados da Organização dos Estados Americanos (OEA), exigindo, como pré-requisito para a discussão, a libertação de certos opositores presos e o respeito da autonomia do poder legislativo.

Em clima de tensão social, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, restruturou em parte o Alto Comando Militar da Força Armada Nacional Bolivariana, um poderoso actor político e económico. O general Vladimir Padrino foi substituido pelo comandante da Guarda Nacional.

A 13 de Junho, o Presidente venezuelano apresentou um recurso no Supremo Tribunal de Justiça, contra o referendo exigido pela oposição, por fraude de assinatura. O Conselho Nacional Eleitoral vai anunciar a 26 de Julho se o referendo pode realizar-se. A oposição espera que aconteça este ano, para que, segundo a Constituição, possam convocar eleições antecipadas.

A Venezuela está mergulhada numa profunda crise económica, relacionada com a queda dos preços do petróleo, a sua principal riqueza, o que levou à escassez de alimentos, a tumultos e a saques.

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