Oposição tenta formar Governo em São Tomé e Príncipe

MLSTP/PSD discute nome de primeiro-ministro a apresentar ao Presidente Pinto da Costa. Convite ao segundo partido mais votado em 2010 foi feito depois de recusa da ADI em apresentar outro nome que não o do cessante Patrice Trovoada.

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Presidente Pinto da Costa aguarda desfecho de negociações de partidos da oposição Daniel Rocha

Os partidos da oposição estão esta segunda-feira a discutir a formação de um novo Governo para São Tomé e Príncipe. O executivo deverá ser liderado pelo MLSTP/PSD (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata), segundo partido mais votado nas eleições legislativas de 2010.

O MLSTP/PSD foi convidado no domingo para formar Governo pelo Presidente da República, Pinto da Costa, depois de a Acção Democrática Independente (ADI) – que reclama a realização de eleições – ter recusado indicar para a chefia do executivo outro nome que não o do seu líder e primeiro-ministro cessante, Patrice Trovoada.

As negociações da principal força da oposição com o Partido da Convergência Democrática (PCD) e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM-PL) não estão a ser fáceis. Segundo a RDP África, vários dirigentes do MLSTP e mesmo dos outros opositores à ADI aspiram ao cargo de primeiro-ministro.

A crise política em São Tomé começou a 28 de Novembro, com a aprovação, pelos 29 deputados eleitos pela oposição em 2010, de uma moção de censura ao Governo minoritário da ADI. Os 26 parlamentares do partido do Governo não participaram na votação.

Os subscritores da moção de censura acusam Patrice Trovoada de corrupção e de gestão “meramente de improviso, atendendo às circunstâncias eleitorais”. O executivo afirmou que a oposição tem “ânsia doentia pelo poder”.

Depois do fracasso de iniciativas para o diálogo entre os partidos representados no Parlamento, o Presidente da República demitiu, na semana passada, o Governo e anunciou o convite ao partido mais votado para formar novo executivo. A ADI insistiu no nome de Patrice Trovoada e Pinto da Costa rejeitou-o.

“O Presidente da República não pode escolher individualidades no interior dos partidos. Ele tem, sim, de pedir aos partidos vencedores das eleições para designar o candidato a primeiro-ministro”, disse no sábado Trovoada, citado pelo jornal digital são-tomense Téla Nón.

O mesmo jornal escreveu que a ADI chegou, no entanto, a discutir nomes alternativos para primeiro-ministro: Agostinho Fernandes, ministro demissionário do Plano e Desenvolvimento, como mais forte possibilidade; mas também Manuel Salvador dos Ramos, ministro dos Negócios Estrangeiros; e Carlos Gomes, ministro da Saúde e ex-vice-presidente do PCD.

A comissão política da ADI decidiu que os seus 26 deputados não participarão nas actividades do Parlamento enquanto a crise política se mantiver.

O MLSTP/PSD, antigo partido único, que liderou o país nos primeiros anos após a independência, em 1975, elegeu 21 deputados em 2010. O PCD conseguiu sete e o MDFM-PL tem um único eleito.

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